Brasil

Lá vem o sol!

O Sol nas bancas de revista

Me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta noticia?

[Caetano Veloso, Alegria Alegria]

Nesse 9 de outubro, o Diário de Notícias começa um pouco diferente. Senta que lá vem história.

A notícia da morte do guerrilheiro Ernesto Che Guevara nas selvas da Bolívia, caiu como uma bomba na redação do jornal carioca O Sol, onde uma equipe de esquerdistas chegou a chorar em coro. Reynaldo Jardim foi quem me contou a história. No dia seguinte, o rosto de Che morto em cima de uma mesa fria de cozinha, estava estampada nos principais jornais do mundo. Ele tinha os olhos abertos e mortos, parecia mesmo que o sonho tinha acabado. Não havia dúvida alguma que o herói estava definitivamente fisicamente acabado. O Sol, que nascera como um suplemento cultural e experimental do Jornal dos Sports, um jornal de papel cor de rosa, naquele 1967 tornara-se um jornal independente, ousado, de vanguarda, inventivo, novo e interessante, feito por uma equipe que enfrentava de frente uma ditadura cada vez mais cruel em nosso país. Pilotado por Reynaldo Jardim e Zuenir Ventura, O Sol tinha como colaboradores, Carlos Heitor Cony, Chico Buarque, Ricardo Gontijo, Galeno de Freitas, Dedé Gadelha, mulher de Caetano, talvez daí a inspiração do Sol que aparece na letra de Alegria, Alegria, de Caetano Veloso. Inconformados com a morte do Che, a redação resolveu dar como manchete de primeira página, uma notícia sem nexo, sem provas, sem lenço e sem documento. Reuniram e fizeram a manchete que entraria para a história do jornalismo, um Oscar de ficção: “Che pode estar vivo”. E o Sol estava certo. Cinquenta e dois anos depois de sua morte, nesse 9 de outubro de 2019, Che continua vivo na memória de todos nós.

ooo

As manchetes dos principais jornais do país:

Estado de S.Paulo
O Globo
Folha de S.Paulo

Outras notícias que apareceram nas primeiras páginas dos principais jornais do país nesta quarta-feira:

No Estadão:

Os jornais conservadores nunca dizem quanto o país vai perder com a liquidação de seu patrimônio.

No Globo:

As trapalhadas de Trump e os vazamentos (que a imprensa brasileira cobre porque não são aqui) podem complicar a vida do presidente americano que quer se reeleger.

Na Folha:

Para aprovar a reforma da Previdência, o Brasil vende até a alma.

Na capa da Ilustrada, na Folha, a festa que se prepara para 2020, ano em que o escritor João Cabral de Melo Neto completaria 100 anos.

Na capa do Segundo Caderno, do Globo, a estreia do primeiro reality show de culinária na Globo, com mais de cinco anos de atraso.

Na capa do Caderno 2, do Estadão, a estreia no cinema da adaptação de Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, que tem Marco Nanini no papel de um enfermeiro gay.

Chico Caruso volta a ser Chico Caruso na primeira página do Globo.

Nas redes sociais, uma postagem interessante de Claudia Mortari Schmidt.

Na capa da britânica Guardian Weekly, a ideia do impeachment de Donald Trump que ganha força.

O nosso cartum hoje vem do traço de Miguel Paiva.

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