Brasil

Meu nome era Ágatha

O Brasil começa a primavera sem motivos para comemorar. O luto desta vez é por Ágatha Vitória Sales Félix, oito anos, assassinada com um tiro nas costas, no Rio, pelas forças do governador Wilson Witzel.

A menina Ágatha está nas primeiras páginas dos principais jornais do país, com mais destaque no jornal carioca O Globo, cuja manchete é:

O ministro da Justiça, Sergio Moro, simplesmente lamentou a morte da menina e disse que o governo vai fazer esforço para que isso não aconteça mais. É a milésima vez que um governo diz isso, talvez com as mesmas palavras. Só este ano, cinco crianças morreram assim no Rio. E foram cinco desculpas esfarrapadas. A polícia do Rio tem ordem pra matar e pessoas inocentes estão morrendo.

O governador do Rio, o tresloucado Witzel, também ficou em silêncio. Bem como o armamentista presidente da República, de ultra direita.

Os jornais paulistas também trouxeram o assunto Ágatha na primeira página.

No Estadão, cuja manchete principal é: “Governo quer mudar contrato de novos professores de federais”. Isso significa entrar sem concurso.

Na Folha, “Caso Ágatha pode mudar debate sobre punição a PM”. O jornal publica uma foto comovente de uma boneca da Mônica, a preferida de Ágatha. Em contrapartida, abaixo da notícia da morte da menina de oito anos, lemos: “PM baleado no Alemão morre; é a 2ª morte em 24 horas”.

Na manchete principal:

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro voa para os Estados Unidos, onde vai tentar remendar o país despedaçado.

(Brasília – DF, 23/09/2019) Partida de Brasília para Nova Iorque-EUA. Foto: Alan Santos/PR

Ainda na primeira página da Folha: “O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, vetou discurso no palco de países que não tenham anunciado de antemão planos para aumentar metas climáticas. Brasil, EUA e Japão estão entre os que ficarão de fora”.

No rescaldo do fim de semana, temos duas frases que marcaram. A primeira, de Milton Nascimento, na Folha: “A música brasileira está uma merda”, disse ele ao repórter da coluna de Monica Bergamo.

Clique para ler

E segunda, veio da alta comissária da ONU para Direitos Humanos e ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet: “Eu tenho pena do Brasil”.

Clique para ampliar

Vale a leitura do artigo “Lula Livre”, de Demétrio Magnoli, também na Folha. Começa a cair a ficha, um pouco tarde demais.

O Planeta Terra pedindo socorro é assunto de praticamente todos os jornais e revistas do mundo. Destacamos a capa da revista de fim de semana do espanhol El País e a primeira página do jornal italiano La Stampa.

Boa pauta no Babelia, o suplemento de literatura do El País: “Los últimos días de la classe obrera”. Babelia mostra que os filhos da crise dão um novo impulso à literatura social. As imagens de minas e fábricas fechadas protagonizam romances e ensaios que narram a falta de esperança dos trabalhadores.

Clique para le

Não podemos deixar de registrar a luxuosa capa da New Yorker, que circula a partir de hoje. “Evolução”, por Christoph Niemmann.

E o cartum de João Montanaro, na Folha, sempre na mosca.

João Montanaro

Notícias relacionadas