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Colunista do Washington Post diz que discurso de Ernesto Araújo é lengalenga

O jornalista Ishaan Tharoor, do Washington Post, ficou tão perplexo com o discurso do chanceler Ernesto Araújo na conservadora Heritage Foundation, que, poucas horas depois tuitou: “Araújo diz que Bolsonaro está criando uma amálgama liberal-conservadora com base em nação, família, laços tradicionais e oposta ao globalismo. Isso é fascinantemente ideológico para um chanceler no exterior”.

O colunista disse que nunca havia ouvido Araújo antes e que ficou impressionado em ver como as suas ideias são incoerentes. “Isso é incrível. Não sabemos se ele alguma vez leu sobre teorias críticas neomarxistas além do que está escrito na Wikipédia”, disse ele. Para o colunista, sua fala foi apenas uma lengalenga sem fim.”

Deu no Estadão

Jéssica Otoboni, O Estado de S.Paulo

12 de setembro de 2019 | 08h28

Após criticar o que chamou de “climatismo” e defender que há um “alarmismo climático” utilizado pela imprensa durante um discurso feito na quarta-feira, 11, na Heritage Foundation – um dos principais think tanks conservadores dos Estados Unidos -, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi duramente criticado por Ishaan Tharoor, colunista do jornal americano The Washington Post.

Depois de ouvir o discurso do chanceler – o qual, segundo Tharoor, “acredita que a mudança climática é uma conspiração marxista”, o jornalista disse em sua conta no Twitter que aquilo se tratava de uma “‘lengalenga’ sem fim de vitimização de alguém que está no poder”.

“Araújo diz que (o presidente Jair) Bolsonaro está criando ‘uma amálgama liberal-conservadora’ com base em ‘nação, família, laços tradicionais’ e oposta ao ‘globalismo’”, afirmou Tharoor. “Isso é fascinantemente ideológico para um chanceler no exterior.” 

O colunista ressaltou que nunca havia ouvido Araújo antes e que ficou impressionado em ver o quão as observações dele são incoerentes.

“Agora ele está falando algo sobre o socialismo do século 21 ser (Antonio) Gramsci conhecer os cartéis de drogas. E agora está citando (Herbert) Marcuse e todos os membros da Escola de Frankfurt”, afirmou Tharoor. “Isso é incrível. Não sabemos se ele alguma vez leu sobre teorias críticas neomarxistas além do que está escrito na Wikipedia”, acrescentou.

“Além de se irritar com os esquerdistas universitários, a direita americana jamais se importaria com essas pessoas ou envolveria suas ideias (ainda que absurdamente) em um discurso de política externa. Araújo mostrou uma distinção entre o leninismo e o stalinismo, como se alguém na Heritage se importasse.”

Tharoor termina citando uma entrevista que fez com o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, em abril deste ano e ressaltando que este “parecia muito irritado com Araújo”.

Reações e críticas

Pouco depois de publicar as críticas a Araújo, o jornalista disse que foi muito criticado na rede social. “As menções a mim estão cheias da palavra ‘vergonha’ (…), o que parece predominante no Twitter brasileiro na era de Bolsonaro, enquanto ‘resistir’ estava no Twitter americano no primeiro ano (de governo de Donald) Trump”, afirmou.

My mentions are flooded with the word “vergonha,” Portuguese for “shame,” which seems as prevalent in Brazilian Twitter in the age of Bolsonaro as “resist” was in US Twitter in the first year of Trump. — Ishaan Tharoor (@ishaantharoor) September 11, 2019

Um dos internautas, em resposta a Tharoor, disse que o colunista “é um esquerdista” e que “Ernesto Araújo é um homem corajoso que expõe a sujeira do comunismo”.

Outro afirmou que o Washington Post é uma “máquina de fake news” e que “tudo que o ministro Ernesto Araújo disse é verdade, e é por isso que você está tentando ridicularizá-lo, assim como o jornal para o qual você trabalha faz frequentemente com o presidente Donald Trump.”

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