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Supremo Tribunal Federal cerca o governo Bolsonaro

Enquanto o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, determinou nesta quinta-feira (1) que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal preservem as provas encontradas com os hackers que estão presos em Brasília, o ministro Luís Roberto Barroso interpelou o presidente Bolsonaro para que ele esclareça sua declaração sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, desaparecido em 1974, depois de ter sido preso pelo DOI-CODI. E tem mais: O plenário do Supremo manteve, por unanimidade, a suspensão de uma medida provisória do presidente Jair Bolsonaro que transferia, da Funai para o Ministério da Agricultura, a demarcação de terras indígenas. Foi uma quinta-feira que o governo sofreu três gols de placa.

Fux determinou também que uma cópia do inquérito seja remetida ao Supremo Tribunal Federal. A decisão foi tomada em ação do PDT, que pediu que fosse impedida a destruição dos diálogos obtidos pelos hackers.

Poucas horas antes, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso interpelou Jair Bolsonaro para que ele esclareça “eventuais ambiguidades ou dubiedades dos termos utilizados” nesta semana, ao falar sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

Bolsonaro tem 15 dias para responder à interpelação.

Na segunda-feira (29), Bolsonaro disse que poderia explicar a Felipe Santa Cruz como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar (1964-1985). “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele.”

De acordo com o despacho de Barroso, Felipe Santa Cruz “se sentiu pessoalmente ofendido e entendeu que, das declarações do senhor Presidente da República, se poderia inferir a prática dos crimes de calúnia contra a memória de seu pai”.

Fernando Santa Cruz desapareceu durante a ditadura militar depois de ser preso por agentes do Estado. Até hoje, sua morte não foi explicada e seu corpo nunca foi encontrado.

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