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Operação da PF envolve executivos que tentaram privatizar a Cemig

Ação da Polícia Federal ocorrida na manhã desta quinta-feira, pode levar a uma caixa de marimbondos para os tucanos: os estranhíssimos negócios feitos durante a gestão de Aécio Neves com o objetivo de privatizar a Cemig – estatal que FHC quis vender, anos antes, mas foi impedido pelo então governador Itamar Franco.

Os mineiros foram surpreendidos com mais uma operação da Polícia Federal (PF) logo nas primeiras luzes da manhã desta quinta-feira, 11 de abril. O alvo era um dos orgulhos de Minas Gerais, a Cemig, companhia elétrica do estado. Os informes da PF e do Ministério Público Federal (MPF) esclarecem que os envolvidos são ex-executivos da companhia elétrica, da Renova, uma de suas subsidiárias, da Andrade Gutierrez (AG), que era o sócio responsável pelas decisões estratégicas da Cemig, além de uma empresa paulista, a Casa dos Ventos, além de autoridades que já estiveram do governo mineiro. Todas as principais figuras envolvidas compõem o grupo que tentou privatizar a Cemig, no período em que o aecismo comandou o governo mineiro, entre eles os mais conhecidos são Oswaldo Borges da Costa Filho, o Oswaldinho, que foi presidente da Codemig e Djalma Bastos de Morais, ex-presidente da Cemig.

Além deles a PF faz buscas na residência do empresário mineiro Flávio Jacques Carneiro, ex-sócio do Grupo Bel e do jornal Hoje em Dia. Além do envolvimento neste caso, o empresário foi denunciado por Joesley Batista, por ser responsável por desvios, no caso que envolve a venda do prédio do jornal, para o Grupo JBS, em uma operação feita para favorecer Aécio neves.

Oswaldinho, apontado como o principal operador financeiro de Aécio Neves, é acusado pela Lava Jato de ter participado dos bilionários desvios de dinheiro ocorridos durante a construção da Cidade Administrativa. Ele e Djalma Morais tiveram a prisão preventiva pedida pelo MPF, que foi recusada pela justiça de São Paulo.

Quando estiveram à frente das duas principais estatais mineiras (Codemig e Cemig), Oswaldinho e Djalma Morais participaram de uma tentativa de privatizar a companhia de eletricidade mineira, para entregar o seu controle para a Andrade Gutierrez. Não conseguiram a privatização, porque Itamar Franco, quando foi governador, conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma lei determinando que a venda da Cemig somente poderia ocorrer com aprovação da maioria dos deputados estaduais.

Como não conseguiu privatizar a Cemig, o governo Aécio Neves fez um acordo com a Andrade Gutierrez, e inventou a figura exótica do “sócio estratégico”. Dessa forma, a AG, que era sócia minoritária na empresa, passou a ter o verdadeiro poder de mando, através do “Diretor de Novos Negócios”, cuja indicação era prerrogativa da empreiteira mineira envolvida na Lavajato. Além do diretor de novos negócios, os braços da AG se estendiam também até as diretorias de gestão, de finanças e a jurídica. Dessa forma o controle do sócio minoritário sobre a Cemig era total.

A partir de sua posição de poder na empresa, a AG levou a Cemig a participar de vários negócios. A estatal iniciou, então um ciclo de aquisições, sendo que a maioria delas não possuía relação com o negócio ou a missão da companhia, mas eram interesse da Andrade Gutierrez. Essa política, caracterizada por atender aos interesses da AG, com dinheiro público da Cemig, levou a estatal mineira a controlar ou ter participação relevante em mais de 200 empresas – que iam de Belo Monte até uma fábrica de bicicletas elétricas no interior do Rio de Janeiro.

A Renova é fruto dessa política traçada pela AG, com a conivência dos governos aecistas e de executivos das estatais mineiras na época.

A Codemig, comandada na época do aecismo por Oswaldinho, é uma empresa criada no governo Aécio Neves, para viabilizar a entrega à iniciativa privada da bilionária operação de extração do valioso nióbio em Araxá. A companhia, após a conclusão dos acertos, passou a ter como quase que sua única função o recebimento dos royalties da operação, em um esquema que frequentemente levanta suspeitas de corrupção, envolvendo o deputado Aécio Neves e o seu entorno.

Além da Cemig, de sua subsidiária Renova, da AG, também está envolvida na denuncia a empresa paulista Casa dos Ventos.

Foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo 26 mandados de busca e apreensão para os endereços das pessoas e empresas envolvidas com os fatos investigados, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Taubaté (SP), Nova Lima (MG) e Mogi das Cruzes (SP).

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