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Disputa entre irmãos Frias, da Folha de S. Paulo, chega à Justiça

Duas semanas depois de ter sido destituída do cargo de diretora de redação da Folha, pelo irmão, Luis Frias, Maria Cristina foi à Justiça para que ele abra os livros de registro de ações das empresas do grupo. Na interpelação, Maria Cristina afirma que o jornal está sendo prejudicado por Luis Frias e descreve um histórico de conflito societário desde 2004.

A jornalista Maria Cristina Frias conseguiu na Justiça o direito de interpelar seus familiares e a viúva de seu irmão, Otávio Frias, para tentar demonstrar judicialmente que o jornal está sendo prejudicado pelo irmão mais novo, Luis Frias. Na quinta-feira (29), o juiz Eduardo Pellegrinelli, da 2ª Vara Empresarial de São Paulo, mandou intimar os acionistas do Grupo Folha para que respondam aos pedidos de Maria Cristina.

Ela diz que “vem sendo tolhida, reiteradamente e há muito tempo, em seu legítimo direito à informação”.

“Tal conduta constitui nítida violação a seus deveres fiduciários, nos termos do que dispõe o artigo 15.311 da Lei 6.404/76, além de desrespeito às disposições do Acordo de Acionistas e, em especial, à decisão e ao desejo do falecido patriarca, de manter igualdade de direitos entre os filhos”, argumenta a petição.

Maria Cristina afirma que o cerceamento de seu direito de informação a deixou em “injusta desvantagem” em recente negociação na qual foi concedido apenas um dia para ela analisasse a reorganização societária pretendida por Luis. Ela destaca que não tem sequer certeza da sua exata participação acionária, direta e indireta nas empresas do grupo.

A empresa Folha da Manhã, razão social da Folha de S.Paulo, não está recebendo dividendos apesar ter feito investimentos por anos na sua controlada Folhapar, diz Maria Cristina na interpelação. A Folha da Manhã detém um terço da Folhapar, a empresa que é dona do UOL, que por sua vez é dona da PagSeguro. Os outros dois terços da Folhapar pertencem a Luiz.

Segundo ela, o caixa da Folha da Manhã foi esvaziado quando Luiz decidiu aderir à vista, e não em parcelas, ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT) em 2017.

No documento ela também reclama da venda da participação da Folha no jornal Valor Econômico para o grupo Globo. Ela diz que a apuração de recursos da venda foi “atabalhoada”.

Na questão dos dividendos do UOL/PagSeguro, Maria Cristina diz que Luiz impôs um limite “absoluto e abusivo” de 1% para a distribuição de resultados. “A prevalecer essa disposição [os dividendos] jamais chegarão à Folha da Manhã”, afirma.

Luiz destituiu a irmã com o apoio da viúva de Otávio, Fernanda Diamant, que herdou um terço das ações do Grupo Folha. Maria Cristina teve o email bloqueado e sua agenda de compromissos violada.

A jornalista ressalta que foi “abrupta e injustificadamente destituída de todas as suas funções no Grupo Folha” por ser contrária à reorganização e defender os interesses financeiros e independência da Folha de S.Paulo.

Maria Cristina diz que a reorganização societária de seu irmão não atenderia aos interesses do grupo, já que teria como consequência o “abandono” da Folha de São Paulo. Se aprovada, diz, a mudança colocaria em risco a saúde financeira da publicação “impondo novos e ainda mais profundos cortes de custos e de pessoal, sem qualquer perspectiva de retorno sobre o capital que investiu anos a fio na sua controlada Folhapar, proprietária da UOL e da PagSeguro”.

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