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Época distorce os fatos e gera fake news contra Zé Dirceu.

Em matéria veiculada ontem, quarta-feira (6), os jornalistas Guilherme Amado e Eduardo Barreto, do site da revista Época, noticiaram: “PF identifica dados que corroboram que Odebrecht usou José Dirceu para passar dinheiro a Zeca Dirceu”. Nocaute checou a informação e constatou que o relatório em questão diz exatamente o contrário do que afirma a revista.

De acordo com a Época, “um relatório de dezembro da Polícia Federal, já enviado para o STF, afirma que foram identificados dados que remetem a “pagamentos, recebimentos, codinomes [apelidos], valores a José Dirceu e ao codinome a ele atribuído pela Odebrecht, Guerrilheiro, no material apreendido pela Lava Jato na Odebrecht. A análise foi feita no inquérito que investiga se são verdadeiros os relatos de delatores da empreiteira, de que deram, por meio de José Dirceu, R$ 250 mil para Zeca Dirceu, filho do ex-ministro, nas eleições de 2010 e 2014”.

O documento em questão é o RELATÓRIO DE ANÁLISE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA N° 139/2018 e diz que, após efetuadas as pesquisas, “não foi possível localizar referência a JOSÉ CARLOS BECKER OLIVEIRA E SILVA”, filho de Zé Dirceu, como consta nas “Considerações” da Polícia:

CONSIDERAÇÕES

Da análise do material apreendido e em consonância aos parâmetros de pesquisas contidos no tópico 1.2, não foi possível localizar referência a JOSÉ CARLOS BECKER OLIVEIRA E SILVA.

Contudo, foi possível localizar referências a JOSÉ DIRCEU e ao seu possível codinome “GUERRILHEIRO”. Os dados identificados’ remetem a pagamentos, recebimentos, codinomes (apelidos), valores.

Diante do que foi apurado, no entanto, até o momento não foi possível executar as pesquisas nos sistemas “drousys” e “mywebday”, visto que os ambientes para tal acesso no âmbito da Polícia Federal, até a data de emissão deste relatório encontram-se em fase de estruturação para futura pesquisa por esta equipe de investigação. Vislumbrando-se pelos fragmentos ora identificados, que após a disponibilidade do “drousys” e “mywebday” seja possível identificar e preencher diversas lacunas das referidas hipóteses criminais em investigação.

Apesar de não comprovar a afirmação, tanto o texto da revista Época, quanto o relatório de análise atribuem o codinome “Guerrilheiro” a Zé Dirceu sem explicar sua origem.

Não seria a primeira vez. A PF já errou ao identificar José Dirceu como o “JD” das planilhas da Odebrecht. Investigações demonstraram que “JD” era uma referência a Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci. A PF chegou à conclusão após analisar anotações apreendidas de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora. Os repasses “via JD” – ou seja, a Juscelino Dourado – chegaram a somar R$ 48 milhões, e ocorreram nos anos de 2009 e 2010.

Na ocasião, a PF afirmou que, tão logo soube do erro, informou a defesa de Dirceu, o Ministério Público Federal e o juiz Sergio Moro sobre o fato.

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