Em coletiva em Washington, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, afirmou que a iniciativa do Grupo liderado pela União Europeia prolongará o governo de Nicolás Maduro. “Essa iniciativa é pouco produtiva, só vai retardar o fim do regime ditatorial da Venezuela e dar espaço de respiração a Nicolás Maduro”, disse o chanceler.
Em reunião nesta quinta-feira (7) no Uruguai, o Grupo Internacional de Contato com a Venezuela, criado no dia 31 de janeiro por iniciativa da União Europeia, pediu a convocação de eleições presidenciais “livres, transparentes e críveis”, a fim de que seja alcançada uma solução “devidamente venezuelana” para o impasse político no país. O grupo anunciou que enviará uma missão técnica a Caracas, para estabelecer contato com as lideranças políticas locais.
O encontro contou com representantes de UE, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido, Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai.
Na contramão desses países está o Brasil. Para o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, a iniciativa só vai retardar a saída de Maduro.
Araújo, que está nos Estados Unidos para organizar visita de Jair Bolsonaro a Donald Trump, afirmou que espera que Rússia e China retirem seu apoio a Maduro. “Cada dia a mais que Maduro tem no poder significa mais sofrimento, fome e desespero”, disse Araújo. “Esperamos que os russos e outros (que apoiam Maduro) enxerguem isso”.
Logo depois que o grupo de contato divulgou seu comunicado, o Departamento de Estado americano afirmou que “o tempo do diálogo com a Venezuela já se esgotou”. O recém-nomeado emissário especial para a Venezuela, Elliot Abrams, pediu que os países lidem apenas com Juan Guaidó e não com Nicolás Maduro.
“Em vez de tentar falar com Maduro por meio de grupos de contato ou diálogo, fazemos um chamado aos países para que reconheçam Juan Guaidó e se unam a nós para responder a seu apelo por ajuda humanitária imediata”, disse Abrams.
O chanceler brasileiro criticou o Grupo de Contato por se reunir sem a presença de um representante de Juan Guaidó.
“O caminho é reconhecer o governo de Guaidó como a única autoridade legítima do país, e discutir as condições para a saída de Maduro, que não é mais parte legítima de nenhum diálogo”, disse Araújo. “[O Grupo de Contato] parte das premissas erradas e não trará resultados esperados”, concluiu o chanceler.
Araújo disse ainda que o governo brasileiro considera atualmente seu canal oficial de comunicação com o país a representante por ele apontada, a advogada María Teresa Belandria, e não mais funcionários do governo Maduro.
“Nosso diálogo é com ela, com representantes de Maduro não temos nada a acordar”, afirmou Araújo.
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