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Governo estuda a possibilidade de afastamento da diretoria da Vale, diz Mourão

O advogado da companhia, Sergio Bermudes disse nessa segunda-feira (28) que a Vale “não enxerga razões determinantes de sua responsabilidade” no crime da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. E por isso a diretoria da empresa não se afastará de seu comando “em hipótese alguma”.

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (28) que o gabinete de crise criado pelo Palácio do Planalto estuda a possibilidade de afastamento da diretoria da Vale durante as investigações da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais.

“Essa questão da diretoria da Vale está sendo estudada pelo grupo de crise, vamos aguardar quais são as linhas de ação que eles estão levantando”, disse. “Tem de estudar isso, não tenho certeza se pode fazer essa recomendação”, acrescentou.

Mais cedo, o advogado da Vale, disse em entrevista à Folha de S. Paulo, que “não houve negligência, imprudência, imperícia. Por que uma barragem se rompe? São vários os fatores, e eles agora vão ser objeto de considerações de ordem técnica”, disse Sergio Bermudes.

Bermudes afirmou que o que está caracterizado, até agora, é “um caso fortuito cujas causas ainda não foram identificadas”.

“Só uma assembleia geral [dos acionistas da empresa] poderia afastar seus diretores. E eles não vão renunciar. A renúncia não ajudaria a companhia, perturbaria a continuidade das medidas que ela, do modo mais louvável, está tomando”. Para ele, “não cabe renúncia pois não se identificou dolo e muito menos culpa” dos executivos da Vale.

O promotor de Justiça Guilherme de Sá Meneghin, responsável há mais de três anos por dar assistência às vítimas do rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), afirmou que os responsáveis pelos crimes em Brumadinho (MG) na última sexta-feira (25) devem ser punidos com prisão. “As tragédias devem ser entendidas como crimes e não acidentes”, disse o promotor.

Em entrevista ao Estado de Minas, o procurador lamentou o fato do Brasil não ter aprendido nada com a tragédia de Mariana.

O promotor criticou ainda a impunidade em relação aos responsáveis pelo desastre de Mariana e o descaso com as vítimas. O crime de Mariana tirou a vida de 19 pessoas, contaminou o Rio Doce e atingiu mais de 40 cidades entre Minas Gerais e o Espírito Santo.

“O que foi feito? Absolutamente nada. Não tem uma lei proibindo esse tipo de barragem, exigindo mais segurança para as barragens, o nosso licenciamento ambiental continua precário. E no outro lado, quando esses crimes acontecem, a responsabilização das empresas e dos responsáveis é muito difícil,” lamentou Sá Meneghin.

“Não é questão de “se”, mas de “quando” vão ocorrer, pois somos regidos por uma classe política ignorante, que ignora a justiça, que ignora a ciência, que ignora o povo, que ignora o meio ambiente. Rezamos para que as consequências não sejam terríveis como se anunciam. Apoio total à população de Brumadinho e região!”, finalizou o promotor.

 

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