Além dos mortos, contados às dezenas, o crime cometido pela Vale/Samarco/BHP em Brumadinho deve dizimar milhares de batráquios que vivem às margens do rio Paraopeba, como aconteceu em Mariana: aqueles que se alimentam do mosquito transmissor da febre amarela. Olho, portanto: pode estar vindo aí um novo surto da doença.
A grossa onda de resíduos tóxicos vomitada pelo rompimento da barragem da Vale/Samarco/BHP, em Brumadinho, soterrou o córrego do Feijão, que deságua no importante rio Paraopeba – imediatamente contaminado pelos dejetos envenenados da barragem, segundo alerta emitido pela Prefeitura da cidade.
Uma das principais fontes de abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte, o Paraopeba corta e em muitos casos abastece, entre outras, as cidades de Betim, Pará de Minas, Esmeraldas, São José da Varginha, Pequi, Cachoeira da Prata, Maravilhas e Papagaios – para citar só essas, as mais próximas – até desaguar no rio São Francisco.
Além do custo que dinheiro algum pagará – as dezenas, talvez centenas de vidas vitimadas pelo crime – um risco adicional poderá se somar ao calvário a que a região está submetida: a febre amarela.
Assim como apuraram biólogos depois do rompimento da barragem de Bento Rodrigues, em Mariana, três anos atrás, o aluvião de resíduos envenenados matará uma população incalculável de sapos, pererecas e rãs – animais que se alimentam dos mosquitos Haemagogus e Sabethes, os transmissores da febre amarela.
Cientistas sustentam que o surto de febre amarela que atingiu recentemente a região Sudeste do Brasil teve origem, entre outras, no desaparecimento dos milhares de batráquios mortos pelo crime da Vale em Mariana.
As autoridades, portanto, que se preparem: além da tragédia que a região de Brumadinho está sofrendo, pode estar vindo aí um novo surto de febre amarela.
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