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Governo Bolsonaro ignora centrais sindicais na formulação da reforma da Previdência

Lideranças sindicais se reuniram na última semana para formular um plano de ação contra as mudanças na aposentadoria, o que pode incluir mobilização de rua e convocação de greve geral.

Sem ter ouvido os representantes dos trabalhadores, governo Bolsonaro está próximo a apresentar proposta definitiva de reforma da Previdência. Até mesmo o governo de Michel Temer agiu de forma diversa e organizou uma série de reuniões com representantes dos trabalhadores.

Nos primeiros dias deste ano, as centrais enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro para tentar abrir um canal de comunicação, mas continuaram fora da formulação da proposta de reforma.

O documento, assinado pelos presidentes de seis centrais, afirma que o grupo está aberto ao diálogo e traz críticas às propostas liberais da equipe econômica do governo.

“Esperamos que todas as medidas que atinjam os trabalhadores passem por um amplo processo de discussão e negociação”, diz o documento.

Os sindicalistas afirmam que a ausência total de diálogo entre governo e trabalhadores é algo inédito nas últimas décadas.

“Nós tivemos essa experiência de sermos ouvidos antes da apresentação formal das propostas desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Sempre teve esse diálogo antes”, afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves.

O presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antonio Neto, afirmou que, apesar de ter se mostrado pouco flexível, o governo Temer chamou todas as centrais para debater o tema.

“Não obtivemos resposta da carta que enviamos a Bolsonaro. Nem mesmo na transição fomos consultados. Estamos abertos a conversar e mostrar as informações que os trabalhadores detêm”, afirmou.

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), que não participou dos encontros promovidos pela equipe de Temer por não reconhecer a legitimidade do governo, está agora aberta ao diálogo. Seu presidente, Vagner Freitas, já se posicionou contra as mudanças na aposentadoria e critica especialmente a criação de um sistema de capitalização.

Sob o comando de Guedes, o texto é elaborado pela equipe do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Em 2017, durante seu mandato de deputado, Marinho foi relator da reforma trabalhista, proposta duramente criticada pelas centrais sindicais.

Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah defende que a reforma da Previdência traga idades mínimas para aposentadoria de 62 anos para homens e 57 para mulheres.

O tópico ainda passa por avaliação do novo governo. O texto em tramitação na Câmara está em 65 (homens) e 62 anos (mulheres).

“Espero que até o fim do mês aconteça essa reunião com o governo. Formalizamos o pedido e até mandamos sugestões em relação à reforma”, afirmou Patah.

A maior parte das lideranças sindicais defende que uma greve geral apenas seja convocada depois de esgotadas as tentativas de diálogo e negociação com o governo. No dia 20 de fevereiro as centrais sindicais farão uma deliberação final sobre o plano de mobilização.

“Não descartamos a possibilidade de convocar greve. Mas o melhor é esperarmos”, disse o presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), José Calixto Ramos.

 

 

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