O policial militar João Maria Figueiredo foi executado a tiros em Natal, no Rio Grande do Norte. Figueiredo, que já foi filiado ao PT, fazia parte da equipe de segurança pessoal da governadora eleita Fátima Bezerra (PT).
Ele também era membro do grupo Policiais Antifascismo, movimento formado por agentes de segurança, crítico ao modelo vigente de Segurança Pública no Brasil e que propõe “construir uma polícia mais próxima do povo”, segundo o texto na página do movimento no Facebook.
“A perda de um combatente não nos intimidará e não fará que recuemos um milímetro sequer. Vamos continuar intransigentes na luta pela desmilitarização da segurança pública, pelo fim da guerra às drogas, contra a política de encarceramento em massa e na defesa intransigente dos direitos humanos. Mas, sem nunca deixarmos de defender a transformação e mudança radical da segurança pública, do sistema criminal, do modelo de polícia (lutando pela carreira única, o ciclo completo e o controle externo das policias e etc.), e a valorização salarial e humana dos policiais. Afinal de contas, somos e continuamos policiais! Policiais Antifascismo!”, diz trecho de um post do grupo.
Um dia depois da execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), Figueiredo participou de um debate sobre Violações dos Direitos Humanos no interior das Corporações Policiais, durante o Fórum Social Mundial, realizado em março de 2018, em Salvador (BA).
Em seu discurso, Figueiredo falou dos riscos em ser um defensor de direitos humanos no Brasil: “Vi meus colegas cariocas lamentando, chorando pelo que ocorreu ontem (a execução de Marielle). Infelizmente, tentaram dar uma prova de força. Marielle foi a vítima recente, já foi a Dorothy (missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005 no Pará), tantas outras. E amanhã pode ser eu. Mas quando eles eliminam uma pessoa, eles fazem nascer várias outras. Agora vão nascer várias outras Marielles porque aquilo ecoa e o poder do exemplo é muito forte.”
Durante o Fórum Social Mundial, Figueiredo também comentou sobre as dificuldades de policiais defenderem posições progressistas dentro das instituições: “Quando você fala em Direitos Humanos no interior das corporações é taxado de ‘esquerdalha’, ‘esquerdopata’, dizem que é pra proteger bandido. Hoje é bem difícil você ter posições progressistas dentro das instituições, infelizmente, seja ela civil, militar, federal”.
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