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Intervenção militar no Rio completa dez meses com recorde de mortes por policiais

Após dez meses de intervenção militar, o estado do Rio de Janeiro registrou o maior número de mortes por policiais em 16 anos. Foram 1.444 vítimas em 2018 até novembro, o equivalente a uma morte a cada 5 horas e meia.

A letalidade policial mais alta até então era de 2007 (1.330), um ano antes do início das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

O recorde anual foi atingido ainda sem os dados de dezembro, que devem puxar o número para um patamar acima de 1.500, segundo dados divulgados nesta terça (18) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), autarquia ligada ao governo estadual.

A violência no estado também atinge policiais. Até o fim de agosto deste ano, 69 PMs haviam sido mortos no RJ. Em 2017, foram 134.

Segundo os dados do ISP, as vítimas mais recorrentes de mortes por policiais no ano passado eram homens (97%), pardos e negros (77%) e jovens de 18 a 29 anos (35%).

Segundo o Observatório da Intervenção da Universidade Candido Mendes, “a intervenção federal pelas Forças Armadas não resolveu os problemas estruturais da segurança pública do Rio. O que vimos foi a reafirmação da estratégia de confrontos armados, gastos concentrados em grandes operações e a ausência de uma reforma estrutural da política de segurança”.

 

De acordo com dados do observatório, o número de tiroteios cresceu 56%, as mortes decorrentes de ação policial aumentaram 40%. Os homicídios, que foram mais de 3.967 em 2017, reduziram-se em apenas 5% e estão em mais de 3.747. A elucidação de chacinas (53 no período de intervenção) não foi prioridade. Durante a intervenção, 103 agentes de segurança morreram.

Ainda segundo o relatório, as forças de segurança “continuam funcionando com base em sistemas obsoletos”: “Os batalhões da PMERJ ainda não contam com sistemas automatizados de controle de munições. As viaturas não são monitoradas em tempo real e nem são automaticamente despachadas para áreas de incidência de crimes, como ocorre em vários locais do Brasil. Os policiais não adotam o use de câmeras do momento das abordagens policiais, procedimento utilizado por policiais em várias partes do mundo para coibir o excesso de uso da força. A Polícia Civil continua a não divulgar taxas de esclarecimento de crimes.”

 

 

 

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