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Depois da Cultura, Saraiva também entra com pedido de recuperação judicial.

Juntas, Cultura e Saraiva devem para as editoras R$ 325 milhões, segundo o Snel. Elas respondem por 40% do faturamento das principais editoras do país.

Chegou a vez da maior rede de varejo e líder em venda de livros no País, a Livraria Saraiva, entrar com pedido de recuperação judicial. O fato aconteceu nesta sexta-feira (23), com uma dívida de R$ 674 milhões a companhia pediu proteção a Justiça para reestruturar seus débitos e buscar seguir operando no mercado.

No início deste ano a Saraiva atrasou pagamentos às editoras de livros e voltou a apresentar dificuldades na quitação de suas dívidas nos últimos meses, quando se iniciou um período de negociações. Sem sucesso em suas tentativas de acordo, a Livraria Saraiva decidiu pela recuperação judicial.

No pedido de recuperação consta que a companhia vendeu seus ativos editoriais e de educação há três anos, por R$ 725 milhões. Após esse negócio e um período de enxugamento do varejo, o grupo hoje contabiliza cerca de 3 mil funcionários, 85 lojas próprias e uma área de venda de quase 50 mil metros quadrados.

Leia o comunicado da Saraiva sobre o processo de recuperação:

A Saraiva comunica que entrou com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo a fim de organizar suas dívidas. Optamos por esse movimento devido à necessidade da Companhia em buscar proteção para a repactuação de seu passivo junto aos seus fornecedores e garantir a perenidade da operação.

A Saraiva tem tomado diversas medidas para readequar seu negócio a uma nova realidade de mercado, com quedas constantes no preço do livro e aumento da inflação.

No início deste ano, a Saraiva propôs aos fornecedores a negociação de seu passivo, a qual não obteve sucesso. Em decorrência do agravamento de sua situação, a Companhia julgou que a apresentação do pedido de recuperação judicial seria a medida mais adequada nesse momento, no contexto da crise no mercado editorial, reflexo do atual cenário econômico do país. O objetivo é proteger o caixa, fazendo com que a empresa retome sua estabilidade e, posteriormente, seu crescimento econômico, bem como garantir a preservação da continuidade de sua operação nas lojas físicas e e-commerce.

O total de débitos informado no pedido de recuperação judicial soma, aproximadamente, R$ 675 milhões. O plano de recuperação será apresentado aos credores em breve, no momento oportuno.

A recuperação judicial não altera, de forma alguma, o funcionamento da operação da Saraiva, que segue com 85 lojas físicas em todo o Brasil e e-commerce, um dos maiores canais de comércio online do País.

A Saraiva é uma companhia com 104 anos de história e uma das maiores redes varejistas de educação, cultura e entretenimento do País, presente em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal, além da relevante operação de e-commerce que cobre todo o território nacional. A Companhia participa ativamente da vida de crianças, jovens a adultos e seguirá acreditando na transformação das pessoas por meio do acesso à cultura e educação e na leitura como um dos pilares essenciais para o desenvolvimento do Brasil.

Em outubro deste ano, o mesmo ocorreu com a Livraria Cultura que, ao entrar com o pedido de recuperação judicial, soltou um comunicado ao mercado afirmou que: “com essa medida visamos normalizar, em curto espaço de tempo, compromissos firmados com nossos fornecedores, preservando a saúde da empresa criada por Eva Herz em 1947, a manutenção de empregos e gerando mais estímulo para crescer”.

A Cultura tem até dezembro para apresentar seu plano aprovado pelos credores. Se não conseguir, ela deve pedir falência. Já a Saraiva ganha algumas semanas para negociar com seus fornecedores. Se as duas empresas conseguirem negociar, ganham seis meses sem pagamentos para se organizar, pagam só o que comprarem no momento.

Juntas, Saraiva e Cultura devem para as editoras R$ 325 milhões, segundo o Snel. Elas respondem por 40% do faturamento das principais editoras do Brasil.

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