Brasil

O novo chanceler é um nacional-socialista modelo alemão?

Neste artigo, o sociólogo e especialista em Relações Internacionais, Marcelo Borman Zero, traça um perfil do futuro chanceler brasileiro, Ernesto Henrique Fraga Araújo, a partir de seus escritos e declarações. E vê similitudes fortes com o pensamento nacional-socialista que sustentou o regime nazista de Hitler.

O novo Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Henrique Fraga Araújo, além de atual Diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do MRE, é um defensor ardente de Donald Trump.

No segundo semestre do ano passado publicou, nos “Cadernos de Política Exterior,” um inacreditável artigo intitulado “Trump e o Ocidente, no qual descreve Trump como uma espécie de novo Messias da Civilização Ocidental.

O resumo é o seguinte: “O presidente Donald Trump propõe uma visão do Ocidente não baseada no capitalismo e na democracia liberal, mas na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais. A visão de Trump tem lastro em uma longa tradição intelectual e sentimental, que vai de Ésquilo a Oswald Spengler, e mostra o nacionalismo como indissociável da essência do Ocidente. Em seu centro, está não uma doutrina econômica e política, mas o anseio por Deus, o Deus que age na história. Não se trata tampouco de uma proposta de expansionismo ocidental, mas de um pannacionalismo.O Brasil necessita refletir e definir se faz parte desse Ocidente.”

Eis alguns excertos apologéticos do artigo:

O certo é que Trump desafia nossa maneira usual de pensar. Aceitemos esse desafio. Não nos satisfaçamos com uma caricatura, com as matérias de 30 segundos que aparecem no Jornal Nacional e tentam sempre mostrar um Trump desconexo, arbitrário, caótico.

Assim como Ronald Reagan – formado por uma universidade insignificante no meio dos milharais de Illinois, narrador esportivo medíocre, ator de pouco talento – conseguiu aquilo em que gerações de políticos sofisticados e aristocratas da Ivy League falharam, isto é, derrotar o comunismo, assim também Donald Trump – esse bilionário com ternos um pouco largos demais, incorporador de cassinos e clubes de golfe – parece ter hoje uma visão de mundo que ultrapassa em muitas léguas, em profundidade e extensão, as visões da elite hiperintelectualizada e cosmopolita que o despreza.

Em Varsóvia, no dia 6 de julho de 2017, Trump pronunciou um discurso marcante em defesa do Ocidente. Um discurso que nenhum outro estadista no mundo hoje teria a coragem ou a capacidade de pronunciar. O tema central é a visão de que o Ocidente – concebido como uma comunidade de nações (e não como um amálgama indistinto sem fronteiras) – está mortalmente ameaçado desde o interior, e somente sobreviverá se recuperar o seu espírito.”

Há muito tempo um líder mundial não falava dessa maneira. Trump aqui se aproxima de Reagan e de Churchill (que se viam como os grandes defensores da liberdade e da civilização diante da barbárie e da opressão).

Entre tantas expressões fora do comum, o apelo aos ancestrais é particularmente gritante. A Europa pósmoderna – junto com os Estados Unidos que, até Obama, cada vez mais se assemelhavam à Europa – viviam ultimamente numa espécie de tanque de isolamento histórico, viviam já fora da história, depois da história, num estado de espírito (ou falta de espírito) onde o passado é um território estranho. Desde o “iluminismo” toda a tradição liberal e revolucionária constituiuse numa rejeição do passado – em suas várias facetas de rejeição dos heróis, rejeição do culto religioso e rejeição da família (a família, esse indispensável microcosmo da história, que liga o indivíduo ao tempo assim como a nação liga um povo a um tempo). De repente “os ancestrais” aparecem no discurso do mandatário do país que vinha liderando a “ordem liberal”, essa mesma “ordem” que rejeitava o passado, os heróis, a fé e a família. 

O homem pósmoderno não tem ancestrais, as sociedades pósmodernas não têm heróis. Trump, ao falar de alma, desafia frontalmente o homem pósmoderno, que não tem alma, que tem apenas processos químicos ocorrendo aleatoriamente entre seus neurônios. Trump fala de Deus, e nada é mais ofensivo para o homem pósmoderno, que matou Deus há muito tempo e não gosta que lhe recordem o crime.

Qualquer semelhança com os ideais do nacional-socialismo alemão não parece ser mera coincidência.

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