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Dirceu lança livro em SP: “Vamos deter essa ofensiva no país”

O ex-ministro José Dirceu lançou o primeiro volume de sua autobiografia no Tucarena, na PUC de São Paulo, nessa segunda-feira (13).

No evento, o petista falou por quase uma hora com a plateia no auditório lotado. “É a generosidade da militância que nos coloca de volta no caminho. Às vezes nos desviamos do caminho. É preciso ter coragem para dizer isso”, disse.

Dirceu contou que começou a escrever o livro na prisão a pedido de sua esposa, Simone, para que sua filha, Antonia, conhecesse a história do pai. “Mas eu não queria escrever a minha história, queria contar a história de uma geração. Comecei a escrever aos domingos. Sábado e domingo são dias sombrias na prisão porque sexta-feira é dia de visita. Até cunhei o termo depressão pós-visita.”

Sobre a eleição de Jair Bolsonaro, o ex-ministro disse que o presidente eleito conquistou a base popular da qual o PT se afastou durante os quatro mandatos. “Em 13 anos e meio [de vida institucional], nos afastamos do dia a dia do povo. (…)Não adianta pensar que vai se resolver a curto prazo, é uma luta de médio ou longo prazo. O que nos faltou foi a força popular, além da força eleitoral. O nosso papel é construir uma alternativa a esse força política social que nos derrotou e que está enraizada na base popular”, afirmou.

“O que nós estamos vivendo não é a vitória eleitoral de um partido político, mas uma contrarrevolução, uma regressão cultural, social e política que eles pretendem impor ao país. A nossa questão é se aprendemos com a história. Os ataques serão principalmente contra a educação e a cultura em primeiro lugar. Porque nós não temos poder econômico, militar, institucional, mas temos poder social, cultural, democrático, temos força política, social e eleitoral. O embate que se dará é uma tentativa de desconstituir os movimentos sociais, os partidos políticos e as forças políticas e culturais que se constituíram no país, contra o racismo, contra a homofobia, em defesa dos direitos da mulher”.

“Querem nos impor o medo, mas não nos conhecem. Se fosse pelo medo, não teríamos derrotado a ditadura. Isso não significa que não estejamos na defensiva, fomos derrotados. Precisamos de sabedoria política”, afirmou o ex-ministro.

Dirceu defendeu que o PT retome a campanha “Lula Livre”, pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex de Guarujá (SP). Para o ex-ministro, Lula foi o “primeiro a ser interditado” e o mesmo pode acontecer com outras pessoas no governo Bolsonaro.”

O petista disse ainda que o fato de Sergio Moro ter aceitado o convite de Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça é uma prova de que o ex-presidente é um preso político. “Como Sergio Moro será o ministro da Justiça e o general Vilas Boas reconheceu que havia um veto ao habeas corpus do Lula, para as entidades internacionais esse assunto está claro: o Lula é um preso político”, disse.

Dirceu, que foi preso durante a dituadura militar e outras três vezes desde 2012, ainda brincou: “Se eu for preso mais uma vez posso pedir música no Fantástico”.

 

 

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