A Editora Abril, que já foi a maior do Brasil, acumulou dívidas de cerca de R$ 1,6 bilhão. Só na semana passada oitocentos funcionários foram demitidos, dos quais 150 jornalistas. Segundo o site Poder 360, a Veja foi oferecida à família Marinho, que rejeitou o negócio.
Mergulhada em dificuldades econômicas, depois de reinar por décadas como a maior editora de revistas do Brasil, a Editora Abril entrou com um pedido de recuperação judicial na Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo nesta quarta-feira (15). A empresa tem dívidas que somam cerca de R$ 1,6 bilhão.
Os três herdeiros – Giancarlo, Victor e Roberta Annamaria – que assumiram a propriedade da empresa com a morte do pai, Robert, em maio de 2013, contrataram a consultoria internacional Alvarez & Marsal, para tentar reequilibrar as contas.
Com isso, o executivo Marcos Haaland, sócio da consultoria, assumiu a presidência executiva do grupo e já implementou medidas de redução de despesas, como demissões em massa e fechamento de revistas.
A editora demitiu 800 pessoas na semana passada, das quais 150 são jornalistas.
As revistas e sites que continuarão a ser publicados são Veja, Veja SP, Exame, Você S/A, Você RH, Quatro Rodas, Placar, Capricho, Claudia, Portal M de Mulher, Bebe.com, Saúde, Viagem e Turismo, Superinteressante, Guia do Estudante e Vip.
Segundo reportagem do site Poder 360, o Grupo Abril foi colocado à venda e oferecido a vários empresários nos últimos meses. Aquela que é considerada a jóia da coroa, a revista Veja, o título mais importante da editora, foi oferecido à família Marinho, que não aceitou.
Segundo Haaland, a crise da empresa se deve à “queda expressiva das receitas de publicidade e daquelas provenientes das vendas de assinaturas e de venda em bancas”. O investimento das grandes empresas em publicidade em revistas, que era de 8,4% em 2010, caiu para 3% em 2017, diz o executivo.
Em menos de duas décadas, Victor Civita transformou O Pato Donald em um dos maiores impérios editoriais do país.
A história da Editora Abril começa em 1950, com o lançamento da versão brasileira da revista em quadrinhos norte-americana O Pato Donald, franquia do grupo Disney. Fundador do Grupo Abril, o ítalo-americano Victor Civita iniciou as atividades num pequeno escritório no centro de São Paulo. Ao publicar a primeira edição de O Pato Donald, tinha apenas meia dúzia de funcionários.
Dez anos após o início das atividades, Victor teve a ideia de publicar obras de referência em fascículos, levando às bancas de jornal o conhecimento antes restrito às bibliotecas e livrarias. Com a publicação daquela que era chamada “A Bíblia Mais Bela do Mundo”, criou um fenômeno editorial e um novo nicho no mercado de publicações do País.
Em 1966 a Abril lançou REALIDADE, a primeira revista mensal do País a investir em grandes reportagens e que se tornou um marco no jornalismo brasileiro. Dois anos depois lançaria Veja, a semanal de informação que se transformaria no veículo mais influente do país, com mais de 10 milhões de leitores.
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