Chefes da Agência Brasil orientaram editores e repórteres a reduzirem a cobertura sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Um email enviado pelo gerente-executivo da Agência Brasil, Alberto Coura, nesta segunda-feira (19), a Douglas Correa, coordenador do veículo no Rio de Janeiro, pede que a repórter Akemi Nitahara seja orientada a “não fazer manifestações sobre a morte da vereadora”: “Estão repetitivas e cansativas. Nos jornais só há artigos e, você sabe, não publicamos essa forma de opinião. Claro que, se houver fato relevante, deve fazer”, dizia a mensagem.
Um email também foi enviado por Roberto Cordeiro, gerente da EBC, na sexta-feira. “Precisamos reduzir matérias da morte da vereadora Marielle Franco Essas homenagens do PSOL são para tirar proveito do momento. Ou outras repercussões do gênero. Devemos nos concentrar nas investigações e naquilo que dizem as autoridades”, escreveu.
Para Gesio Passos, coordenador do Sindicato dos Jornalistas do DF, o caso é mais um gesto de autoritarismo e censura da direção da EBC: “É mais um ataque e tentativa de calar a comunicação pública que não vamos aceitar. A direção da EBC, a serviço do governo federal, impede que a empresa pública cumpra sua missão de levar informações independentes para a população”. Jornalistas e radialistas do veículo fizeram um protesto contra a medida nesta terça-feira.
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Foto: Divulgação
Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas do DF disse que chefias da Agência Brasil orientaram a não cobrir mais os atos relacionados à morte de Marielle “alegando que eles seriam uma ‘exploração política’, censurando manifestações legítimas e importantes. Enquanto isso, o site faz cerca de 10 matérias por dia sobre o Fórum Mundial da Água por ter feito contrato com a Agência Nacional de Águas no valor de R$ 1,8 milhão”.
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