
Foto: Mídia Ninja
Nem o prefeito de São Paulo, João Doria, nem os vereadores estão consultando a população antes de aprovar as privatizações na cidade. Esta é a razão por que oitenta estudantes ocupam a Câmara Municipal desde quarta-feira (9). No segundo dia de protesto, o grupo recebeu a imprensa no plenário para uma entrevista coletiva.
“O que a gente quer: um plebiscito para que o povo decida os rumos da sua cidade”, afirmou a estudante Naiara Souza, presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo).
Leia mais:
Doria aprova privatizações com votação na madrugada e sem audiência pública
Os manifestantes pedem que o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), coloque em votação os projetos de lei – já existem na Casa – para realizar uma consulta popular sobre privatizações. Exigem também a realização de audiências públicas sobre o assunto, como forma de ampliar a participação. “Nossa pauta é clara. Queremos o plebiscito. Só audiência pública não resolve o problema”, disse Naiara.
Um dos projetos de lei para convocar plebiscito foi apresentado pela vereadora Sâmia Bonfim (PSOL) e o outro é da vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), ex-secretária de Direitos Humanos e Cidadania de Doria.
Na coletiva, foram questionados sobre por quanto tempo pretendem manter a ocupação no plenário e responderam que ficarão o tempo for necessário para conseguir as exigências.
À tarde, o juiz Alberto Alonso Muñoz concedeu a liminar que dá até cinco dias úteis para os ocupantes saírem pacificamente. Depois desse período, a polícia poderá reintegrar posse sem o uso de armas, letais ou não letais.

Estudantes estimam que há oitenta pessoas no plenário no segundo dia da ocupação (Foto: Mídia Ninja)
“Estamos aqui por pautas muito objetivas e muito justas. Contra o pacote de privatizações que o prefeito João Doria vem tentando colocar na cidade de São Paulo (…) Há muito tempo estamos nas ruas, buscamos o diálogo e esta casa além de recusar o diálogo com movimentos sociais, recusa o diálogo com a sociedade civil, com todos os cidadãos paulistanos”, disse Naiara. “Ele não pode vir na nossa cidade vender os nossos patrimônios. Os patrimônios são nossos. Os parques são nossos, o Bilhete Único é público e é nosso. E o João Doria não pode entrar numa cidade que é nossa e vender os nossos patrimônios”.
Na quarta-feira, o vereador Milton Leite disse que não iria dialogar com os estudantes. Com o plenário fechado, o presidente da Casa havia impedido o acesso ao banheiro e barrou a entrada de comida. Depois de a oposição pedir, ele cedeu e, no final da noite, autorizou o uso do banheiro e o acesso a alimentos.
A Guarda Civil Metropolitana chegou a entrar no plenário e tentou desmantelar a oposição usando gás lacrimogêneo. Os efetivos da guarda seguem na Câmara para uma eventual reintegração de posse.
