Para incriminar Lula em troca de alguns anos a menos no xadrez, vale tudo. Um delator da Odebrecht disse ter visto Lula afirmar, em 2014, que acabara de sugerir ao presidente cubano Raúl Castro a criação de uma zona franca industrial em torno do porto de Mariel, que seria explorada pela construtora brasileira. “O negócio, porém, não foi levado adiante”, concluiu o delator.
Além de mau alcaguete, o dedo-duro é mal informado. A zona franca industrial, chamada de ZEDM – Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel (uma área de quinhentos quilômetros quadrados em torno do porto) – já existia desde 2007, antes mesmo que fossem iniciadas as obras do porto.
Na época referida pelo delator, não só a ZEDM já funcionava como fazia um ano que Mariel estava em plena operação, com capacidade para armazenar e movimentar 822 mil contêineres por ano – números só superados, na América Latina, pelos portos de Santos, o maior do Brasil (2,7 milhões de contêineres/ano), e de Veracruz, o maior do México (865 mil contêineres/ano).
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