O jogo pesado de bolas e bytes.

 
A Globo nunca imaginou que seria possível, mas levou uma tremenda bola nas costas.
 
Um clássico do futebol brasileiro foi suspenso nesta semana por decisão dos dois clubes envolvidos, inconformados com o monopólio global sobre as transmissões esportivas.
 
Atlético Paranaense e Coritiba receberam R$ 2,2 milhões da Globo em 2016, pelos chamados “direitos de arena”.
 
Mas a emissora queria pagar apenas R$ 1 milhão em 2017 e os clubes não aceitaram.
 
Furacão e Coxa anunciaram que transmitiriam o clássico do domingo passado pelo You Tube e foram impedidos pela Federação Paranaense de Futebol, que deveria defender os interesses deles, mas defende mesmo os da Globo.
 
Só que, em vez de baixar a cabeça, os clubes reagiram. Tomaram a decisão inédita de não jogar e criaram um caso que pode ter implicações muito profundas.
 
A quebra do monopólio esportivo não fragiliza a Globo apenas na TV aberta, mas afeta também os seus interesses na TV por Assinatura – um setor que perde clientela aceleradamente para os serviços de Smart TV, ou TV Conectada.
 
A caríssima TV Paga via cabo ou satélite tem um modelo de negócios totalmente ultrapassado, diante das assinaturas de baixo preço do NetFlix e da gratuidade do You Tube ou do Vimeo.
 
Com futebol ao vivo em seu leque de atrações, a Smart TV terá um empurrão espetacular. Vai agravar enormemente a crise que já é grande na TV Paga.
 
Isto significa que a Globo e todo o oligopólio da radiodifusão deverão centrar fogo pesado sobre os serviços audiovisuais de internet, para que sejam taxados pelo Estado e percam a competitividade atual.
 
Nessa briga dos tubarões, o telespectador não deve deixar de ser o lambari de sempre.
 
Ele pode ter a vantagem de jogos disputados em horários menos tardios, porque tanto faz para o You Tube se os clubes joguem cedo ou de madrugada.
 
Mas a conta desse benefício pode vir no boleto dos serviços de internet.
 
Bola mais barata, bytes mais caros. E nenhuma certeza de que o nosso time será sempre o vencedor.