Brasil

Borbulhas de opinião, por Gabriel Priolli


 
 
As redes sociais, em particular o Facebook, vêm apanhando um bocado por conta dos tais algoritmos, que selecionam o conteúdo distribuído para cada usuário.
 
A acusação é de que os algoritmos organizam o fluxo informativo conforme as preferências culturais e políticas das pessoas e, com isso, criam “bolhas” de opinião, impermeáveis ao contraditório – o que liquida com o debate democrático.
 
A crítica é pertinente, mas o que são as bolhas de opinião do Facebook, perto da imensa bolha de desinformação que a mídia tradicional infla o tempo todo?
 
Segundo a última Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pela Secretaria de Comunicação do Governo Federal em 2015, a televisão é assistida por 95% dos brasileiros e o rádio é ouvido por 55%, enquanto a internet é utilizada por apenas 48%.
 
A TV e o rádio Falam para mais gente do que a internet pode alcançar. E o resultado do que falam, todos conhecem muito bem.
 
No mundo criado pela mídia tradicional, o PT é o partido mais corrupto já surgido no Brasil, a crise econômica é de responsabilidade exclusiva de Dilma Rousseff, o impeachment salvaria o país, Michel Temer faria um governo de pacificação nacional, e as medidas anti-populares impostas por ele são um remédio necessário, sem alternativas.
 
Nada disso é verdade, mas quem vive na bolha da grande imprensa acredita em quase tudo.
 
Odeia os demônios e adora os santos, que Dona Globo manda odiar ou adorar.
 
Não é por outra razão que, conforme pesquisa Ipsos, 96% acham que a Lava-Jato deve “investigar até o fim, custe o que custar” – mesmo esse custo sendo a destruição do direito de defesa e de várias garantias constitucionais.
 
Já uma pesquisa Ipsos-Mori, realizada em 40 países, indica que o brasileiro é o sexto povo mais ignorante da situação real de seu país. Não há nenhum acaso também nessa percepção.
 
Bolha de opinião, portanto, é a da velha mídia. Ela é que determina os rumos do país.
 
As redes sociais fazem um contraponto essencial para o debate público e bendita seja a internet, por permitir isso.
 
Mas o máximo que as redes conseguem, por enquanto, é fazer algumas borbulhas.

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