Vaza Jato – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 10 Dec 2019 18:21:25 -0300 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png Vaza Jato – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Partido dos Trabalhadores rebate ação da Polícia Federal para atingir Lula https://nocaute.blog.br/2019/12/10/partido-dos-trabalhadores-rebate-acao-da-policia-federal-para-atingir-lula/ Tue, 10 Dec 2019 18:10:28 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=58108 Em uma nota divulgada nesta terça-feira (10), assinada pela presidente nacional, Gleisi Hoffmann, o Partido dos Trabalhadores rebateu a ação dos procuradores da Lava Jato e a Polícia Federal contra familiares de Lula, com o objetivo claro de atingir o ex-presidente. A ação coincidiu com a divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, mostrando que a maioria dos brasileiros reconhece o direito de Lula de recorrer em liberdade da sentença ilegal e injusta do juiz Sergio Moro.

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Em uma nota divulgada nesta terça-feira (10), assinada pela presidente nacional, Gleisi Hoffmann, o Partido dos Trabalhadores rebateu a ação dos procuradores da Lava Jato e a Polícia Federal contra familiares de Lula, com o objetivo claro de atingir o ex-presidente. A ação coincidiu com a divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, mostrando que a maioria dos brasileiros reconhece o direito de Lula de recorrer em liberdade da sentença ilegal e injusta do juiz Sergio Moro.

Veja a íntegra da nota:

No mesmo dia em que o Datafolha confirma que a maioria da população considera justa a decisão do Supremo Tribunal Federal reconhecendo o direito do ex-presidente Lula recorrer em liberdade da sentença ilegal e injusta de Sergio Moro, os procuradores da Lava Jato e a Polícia Federal comandada pelo ex-juiz demonstram mais uma vez sua inconformidade com a Justiça e o estado de direito democrático.

Em mais uma operação midiática, espalhafatosa e ilegal, os procuradores e a PF de Moro promoveram nesta terça (10/12) uma exposição caluniosa de familiares de Lula, com claro objetivo de atingi-lo. Divulgaram mais uma vez ilações e acusações falsas sobre fatos que já foram objeto de investigação da própria PF e do MP Federal, arquivados por decisões judiciais desde 2010, todas no sentido de negar a prática ilícitos.

Chega a ser indecente a insubordinação de Sergio Moro, seus parceiros e subordinados diante da decisão do STF que reafirmou o princípio constitucional da presunção de inocência para todos os cidadãos, e não apenas Lula, que é o alvo de sua perseguição.

O ministro da Justiça de Bolsonaro abusa do cargo para pressionar o Congresso a romper uma cláusula pétrea da Constituição. Abusa de seu comando sobre a PF para envenenar a sociedade com mentiras. Acuado, tenta pressionar o próprio Supremo, que tem em pauta o julgamento de um habeas corpus em que é demonstrada, com fatos e provas, a suspeição do ex-juiz, que mentiu, grampeou advogados e cerceou a defesa de Lula.

A operação de hoje reforça a necessidade do julgamento do habeas corpus da suspeição de Moro pelo STF, para que cesse de vez a perseguição movida por ele contra Lula. Da mesma forma, é necessário julgar o habeas corpus em que a defesa de Lula demonstra, com fatos e provas, a suspeição dos procuradores de Deltan Dallagnol, confirmada e reforçada pela barbaridade jurídica que cometeram na data de hoje.

PT apoia incondicionalmente Lula na busca pela verdadeira justiça. Esta é uma causa que diz respeito à preservação do estado de direito e à defesa da democracia no Brasil.

Gleisi Hoffmann, Presidenta Nacional do PT
BRASÍLIA, 10 de dezembro de 2019

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Quantas verdades precisam ser ditas para vencer uma mentira no Brasil? https://nocaute.blog.br/2019/11/27/quantas-verdades-precisam-ser-ditas-para-vencer-uma-mentira-no-brasil/ Wed, 27 Nov 2019 21:15:02 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=57648 Ficou claro que o juiz e o procurador trabalharam deliberadamente para municiar o golpe de estado via impeachment. Ficou claro que o julgamento do ex-presidente Lula foi político, com objetivo de impedi-lo de se candidatar dada a sua chance de ser eleito. O Lula foi solto, mas não está livre. A vaza jato trouxe muitas verdades, porém, não foram capazes de abalar a mentira. Nada acontece.

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Ficou claro que o juiz e o procurador trabalharam deliberadamente para municiar o golpe de estado via impeachment. Ficou claro que o julgamento do ex-presidente Lula foi político, com objetivo de impedi-lo de se candidatar dada a sua chance de ser eleito. O Lula foi solto, mas não está livre. A vaza jato trouxe muitas verdades, porém, não foram capazes de abalar a mentira. Nada acontece. 

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Gervásio https://nocaute.blog.br/2019/10/31/gervasio-53/ Thu, 31 Oct 2019 18:03:44 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=56528 O post Gervásio apareceu primeiro em Nocaute.

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The Intercept: Moro orientava e participava das operações https://nocaute.blog.br/2019/10/21/the-intercept-moro-orientava-e-participava-das-operacoes/ Mon, 21 Oct 2019 17:43:33 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=56030 Novos vazamentos obtidos pelo site The Intercept e divulgados no final de semana, mostra como o então juiz Sergio Moro, atualmente ministro da Justiça, orientava e participava de reuniões para definir detalhes de operações da Lava Jato. Chats de grupos da operação mostram que Moro ordenou, inclusive, ações de busca e apreensão, sem aprovação do MInistério Público, o que é fora da lei.
Leia a íntegra das revelações do Intercept.

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Novos vazamentos obtidos pelo site The Intercept e divulgados no final de semana, mostra como o então juiz Sergio Moro, atualmente ministro da Justiça, orientava e participava de reuniões para definir detalhes de operações da Lava Jato. Chats de grupos da operação mostram que Moro ordenou, inclusive, ações de busca e apreensão, sem aprovação do MInistério Público, o que é fora da lei. Leia a íntegra das revelações do Intercept.

‘RUSSO DEFERIU UMA BUSCA QUE NÃO FOI PEDIDA POR NINGUÉM’

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JFT: A que ponto chegou o governo Bolsonaro https://nocaute.blog.br/2019/10/18/jft-a-que-ponto-chegou-o-governo-bolsonaro/ Fri, 18 Oct 2019 20:58:38 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55953 Hoje no JFT, Alberto Villas fala sobre o novo vazamento do Intercept que mostra como procuradores da Lava Jato rejeitaram um pedido de delação premiada contra Michel Temer. Tem também a Veja, essa é a septuagésima vez que a revista estampa o ex-presidente Lula em sua capa. Tem mais um capítulo da crise do PSL com Bolsonaro.

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Hoje no JFT, Alberto Villas vai falar sobre o novo vazamento do Intercept que mostra como procuradores da Lava Jato rejeitaram um pedido de delação premiada contra Michel Temer. Tem também a Veja, essa é a septuagésima vez que a revista estampa o ex-presidente Lula em sua capa. Tem mais um capítulo da crise do PSL com Bolsonaro. Tem a desistência do Zero3 em ser embaixador em Washington. E hoje tem Copidescando ao vivo.

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The Intercept: Às vésperas do impeachment de Dilma, Lava Jato rejeitou delação contra Temer https://nocaute.blog.br/2019/10/18/intercept-impeachment-dilma-lava-jato-delacao-temer/ Fri, 18 Oct 2019 16:58:41 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55931 Novos vazamentos obtidos pelo site The Intercept e divulgados pelo jornal El País nesta sexta-feira (18), revelam que os procuradores da operação Lava Jato recusaram um pedido de delação premiada contra o então vice-presidente Michel Temer, que já estava pronto e se preparando para assumir a presidência.

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Novos vazamentos obtidos pelo site The Intercept e divulgados pelo jornal El País nesta sexta-feira (18), revelam que os procuradores da operação Lava Jato recusaram um pedido de delação premiada contra o então vice-presidente Michel Temer, que já estava pronto e se preparando para assumir a presidência.

Os procuradores não viram interesse público nas acusações contra Temer, e o golpe se consolidou. No dia 17 de abril de 2016, a operação Lava Jato recebeu um “anexo bomba” que, se aceito, poderia ter dado uma reviravolta na História do Brasil. Leia a reportagem completa do jornal El País, mostrando todos os detalhes.

Deu no El País

Duas semanas antes de Michel Temer assumir a presidência interinamente devido ao afastamento de Dilma Rousseff pelo processo de impeachment na Câmara em 17 abril de 2016, a Operação Lava Jato recebeu um “anexo-bomba” de uma delação premiada que, se aceito, poderia ter mudado os rumos da história recente do país. Conversas entre procuradores da Lava Jato no Telegram, obtidas pelo The Intercept e analisadas em conjunto com o EL PAÍS, permitem rastrear o momento exato em que a procuradoria teve em mãos informações que poderiam levar a uma investigação do então vice-presidente por suspeita de corrupção. Na época, porém, os procuradores consideraram que as declarações não atendiam ao “interesse público” e não aceitaram a proposta de delação. Mas, três anos depois, essa mesma delação foi utilizada pela Lava Jato para uma ação penal contra Temer e para pedir a prisão preventiva dele, já na condição de ex-presidente.

A delação, rejeitada em abril 2016 com anuência do Procuradoria Geral, mas que deu suporte à prisão de Temer em março de 2019, foi feita pelo empresário José Antunes Sobrinho, sócio da construtora Engevix, que relatou um pagamento de propina para Temer. As conversas no chat “Acordos Engevix” no Telegram mostram que os procuradores de Curitiba, Rio e Brasília receberam a proposta de Antunes em 4 de abril de 2016. O menção a Temer, que viria a ser batizada de “anexo-bomba” mais tarde, dizia que Antunes fez um pagamento de 1 milhão de reais para atender a interesses de Temer, como compensação por um contrato na usina nuclear Angra 3, da estatal de energia Eletronuclear.

O pagamento, segundo Antunes, foi entregue a um amigo do ex-presidente, o coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima. O dinheiro não saiu direto dos cofres da Engevix para Temer, mas de uma companhia prestadora de serviço do Aeroporto de Brasília, que era controlado pela Engevix. A empresa em questão era a Alúmi. O relato não convenceu os procuradores.

No dia seguinte, 5 de abril de 2016,  eles comunicaram aos advogados de Antunes que as negociações da delação estavam encerradas. “Pessoal de BSB e Lauro, o Antunes apresentou, neste momento, mais 2 anexos. Eles estão forçando a barra aqui. Informo que a opinião de CWB é contrária ao acordo”, afirmou o procurador Athayde Ribeiro, da força-tarefa de Curitiba no dia 5 de abril de 2016. Em resposta, o procurador Lauro Coelho, da então incipiente força-tarefa do Rio de Janeiro, respondeu apenas: “Ciente do teor”.

No exato dia em que procuradores do Paraná receberam o documento da delação contra Temer, em 2016, o então advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, fazia a defesa de Dilma Rousseff na comissão do impeachment da Câmara dos Deputados. Marcelo Odebrecht já havia sido condenado pela Lava Jato e o ex-presidente Lula também fora alvo de um mandado de condução coercitiva. Temer, por sua vez, era apontado como um dos articuladores do impeachment. Neste cenário, a acusação contra ele não era um evento trivial. Naquele ano, a Lava Jato fechou pelo menos 108 acordos de delação, segundo a planilha Colaboração_Todos (19.12.2017) compartilhada no Telegram pelos procuradores. Isso sem contar os acordos de leniência com empresas.

Imagem do "anexo-bomba" da delação de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, de 2016
Imagem do “anexo-bomba” da delação de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, de 2016

Era um momento peculiar, o auge da operação, como relata o ex-procurador-geral Rodrigo Janot em suas memórias recém lançadas Nada mais que Tudo. “Eu só não diria que éramos mais populares que Jesus Cristo porque não quero cometer o mesmo erro de um dos Beatles, que ousou tocar em um mito religioso, sem se dar conta do peso da religião”, escreveu Janot, no livro. “O fato é que nós, procuradores, juízes e policiais, experimentávamos uma popularidade nunca vista antes no meio jurídico”, acrescentou.

Em 21 de junho de 2017, e com Temer já no poder e enfrentando problemas com Janot, o procurador Athayde Ribeiro disse nas conversas de Telegram que a menção ao então vice feita um ano antes era um “anexo-bomba”. Àquela altura, Temer já era presidente oficial desde agosto de 2016, quando o Senado confirmou o impeachment de Dilma. “Leo, so rememorando q Rj, PR e BSB ja haviam negado acordos pra Engevix e executivos. Os anexos da epoca nao se mostraram interessantes; e tb pq nao se mostraram confiaveis, tentando jogar c “anexos bomba” aos 45 do segundo tempo, tentando nos intimidar c a Veja e por n ter apresentado provas de corroboracao”, disse o procurador Athayde Ribeiro ao procurador Leonardo Cardoso de Freitas no Telegram —a grafia original usada nos chats foi preservada. A menção à Veja parece remeter, na verdade, a uma reportagem da revista Época (semanal que concorre com a Veja) que publicou em abril de 2016 as revelações que Antunes tinha em sua proposta de delação.

Do “não” documentado à volta por cima em 2018

Diante da postura de procuradores da Lava Jato de Curitiba, Brasília e do Rio de Janeiro de rejeitar insistentemente o acordo de delação premiada com Antunes em 2016, seus advogados protocolaram ainda naquele ano uma petição no Ministério Público Federal no Paraná para reiterar que o empreiteiro continuava interessado no acordo. Em resumo, os advogados de Antunes pediram que, caso a proposta fosse rejeitada definitivamente, os procuradores assumissem por escrito que essa recusa partiu deles e prometessem que eles não usariam as informações em nenhuma investigação contra o empreiteiro.

Cópia do depoimento de José Antunes Sobrinho, da Engevix, em 2018, no inquérito dos Portos.
Cópia do depoimento de José Antunes Sobrinho, da Engevix, em 2018, no inquérito dos Portos.

Em 24 de junho de 2016, o procurador Paulo Galvão compartilhou com os colegas o texto da certidão que foi entregue aos advogados. “Cumpre, preliminarmente, certificar que as negociações para eventual acordo de colaboração premiada com o réu José Antunes Sobrinho foram formalmente encerradas, consoante informado aos causídicos em reunião realizada em 5 de abril de 2016, na sede da Polícia Federal de Curitiba”, diz um trecho da certidão, que alegou genericamente “ausência de interesse público na continuidade das negociações”.

A delação de Antunes acabou retomada e homologada em 2018 por um caminho tortuoso. Temer foi delatado numa operação de enorme apelo midiático pelo empresário Joesley Batista, sócio da JBS, em maio de 2017, quando vieram à tona as conversas gravadas por Joesley em que Temer disse “tem que manter isso, viu?” depois de o empresário relatar que estava com as “pendências zeradas” com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara e aliado de Temer que deflagrou o processo de impeachment contra Dilma.

Nessa conversa gravada, Temer também recomendou a Joesley que procurasse o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, para resolver problemas da JBS no governo. Após combinações com o empresário, Rocha Loures recebeu uma mala de propina de 500 mil reais, que, segundo Joesley e investigações da Lava Jato, eram destinados a Temer. Essa mala de dinheiro motivou a primeira ação penal apresentada contra Temer A ação penal acabou tendo a tramitação suspensa pela Câmara dos Deputados em agosto de 2017.

As conversas de Rocha Loures com representantes da JBS, no entanto, também levantaram suspeitas sobre outro assunto, de que uma nova lei para a gestão de portos brasileiros, sancionada por Temer em 2017, visava uma troca de propinas de empresas do setor portuário. Foi então que a delação da Engevix ganhou uma nova chance num inquérito sobre portos, que investigou, ao longo de 2017 e 2018, a atuação de Temer na sanção dessa nova lei do setor. A PF argumentou que o coronel Lima tinha recolhido propinas para Temer de empresas do setor portuário, da JBS e também no caso da Engevix. Antunes finalmente assinou acordo de colaboração com a Polícia Federal —e não com os procuradores diretamente— em junho de 2018, quando faltavam seis meses para Temer deixar o poder.

O inquérito dos portos motivou uma ação penal contra Temer. Quando ele deixou o Planalto e perdeu a prerrogativa de foro privilegiado, o caso da Engevix e da Eletronuclear foi distribuído para o juiz Marcelo Bretas e a força-tarefa da Lava Jato no Rio. No fim de fevereiro de 2019, já sob o Governo de Jair Bolsonaro, Antunes prestou novo depoimento a procuradores do Rio, como parte de sua delação homologada pelo ministro Roberto Barroso. Repetiu a versão apresentada em abril de 2016 da propina de 1 milhão de reais a Temer, por intermédio do coronel Lima, em troca de contrato na Eletronuclear. Acrescentou que as negociatas também envolveram seu ex-ministro Wellington Moreira Franco e o empresário Rodrigo Castro Neves (ex-sócio do ex-senador Eunício Oliveira).

Um mês depois desse depoimento, Temer foi preso preventivamente com base nesse relato e nas investigações complementares sobre como funcionou um esquema de corrupção da Eletronuclear. Já tinham vindo à tona os comprovantes bancários e e-mails envolvendo o pagamento delatado por Antunes – e os procuradores, então, foram atrás e conseguiram o depoimento espontâneo do empresário Marcelo Castanho, diretor da Alúmi, que fez o repasse de 1 milhão de reais para o coronel Lima. Para prender Temer, os procuradores também argumentaram que o ex-presidente era acusado em ações penais de ter sido beneficiário de propinas e que era investigado em outros inquéritos por corrupção. Temer ficou menos de uma semana na cadeia e hoje responde em liberdade ao processo.

Sem consistência, segundo Janot

Em entrevista ao EL PAÍS, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot defende sua decisão, em 2016, de rejeitar a delação de Antunes. Ele diz avaliar que não conseguiria apoio no Supremo Tribunal Federal para abrir uma investigação contra Temer com base no relato. “Você acha que o Supremo ia me autorizar a investigar o vice-presidente da República com algo que não era consistente?”, afirmou. Pelo cargo que ocupava, Janot foi o último responsável por rejeitar a delação da Engevix em 2016. O ex-procurador-geral reconhece que sabia da menção ao então vice-presidente na proposta de delação de Antunes, e que era “informado o tempo todo sobre a delação da Engevix”. Porém, desqualificou o delator como fonte crível, embora o empreiteiro tenha sido considerado fidedigno pela Polícia Federal, em 2018, pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge e por procuradores do Rio em 2019.

Janot argumenta que Antunes “titubeava o tempo todo” e que o caso Engevix foi “sem importância”. “Não era acordo relevante para a gente. Tanto foi que quando teve algo concreto, [Temer] caiu. Caiu não, mas foi processado duas vezes”, disse, sem especificar o que seria “algo concreto”.

Em seu livro, Janot afirmou, de maneira errônea, que a prisão do ex-presidente foi motivada pelo caso da mala de dinheiro da JBS entregue ao ex-deputado Rocha Loures (MDB). Mas Temer, na verdade, foi preso por ordem do juiz Bretas, a pedido da força-tarefa da Lava Jato no Rio, pelo pagamento de propina da Engevix e pelas investigações do esquema de corrupção na Eletronuclear. Ao EL PAÍS, Janot admitiu que a informação em seu livro, sobre o motivo da prisão de Temer, foi um erro e que será corrigido.

Questionada sobre a razão de a delação envolvendo Temer não despertar o “interesse público” em 2016, a força-tarefa do Paraná disse que “houve consenso entre mais de 20 procuradores” a respeito”. A procuradoria não respondeu por que procuradores do Rio de Janeiro usaram a mesma delação em 2019 para prender Temer. “Relatos de colaboradores avaliados como inconsistentes, incompletos ou desprovidos de provas podem ser recusados”, afirmou o MPF do Paraná em nota enviada ao EL PAÍS. Afirmaram ainda que “as forças-tarefas participam das negociações e opinam, mas a palavra final é do procurador-geral.”

Procurado, o advogado Antonio Figueiredo Basto, que atende Antunes, também afirmou que não pode comentar sobre como se deu a negociação da delação de seu cliente, pois o caso está sob sigilo. Os procuradores do Rio não quiseram comentar o assunto. 

Michel Temer é réu em seis processos criminais. Ele foi absolvido sumariamente nesta semana, sem julgamento, em um desses processos, por obstrução de Justiça, justamente o que analisava isoladamente se o ex-presidente causou embaraço à Justiça quando falou “tem que manter isso” ao empresário Joesley Batista. A assessoria de Temer também foi questionada a respeito do conteúdo desta reportagem, mas até a publicação não havia respondido.

A ÍNTEGRA A RESPOSTA DA FORÇA-TAREFA DA LAVA JATO

“Na Lava Jato, a negociação de acordos de colaboração que envolvem fatos de diversas jurisdições e implicam agentes com foro privilegiado é feita por procuradores da República designados pelo procurador-geral que integram o Grupo de Trabalho vinculado ao seu gabinete, além de membros das diferentes forças-tarefas, todos com ampla experiência no assunto. As forças-tarefas participam das negociações e opinam, mas a palavra final é do procurador-geral. Em relação ao caso que é objeto de questionamento, houve consenso entre mais de 20 procuradores no sentido de que o acordo não atendia o interesse público. Relatos de colaboradores avaliados como inconsistentes, incompletos ou desprovidos de provas podem ser recusados. Eles podem ainda ser reavaliados em nova negociação de acordo, se o colaborador trouxer provas e informações complementares ou o desenvolvimento das investigações resulte na descoberta de novas evidências capazes de dar subsistência aos relatos. Em relação à notícia de pagamento a advogados de colaboradores, não comentamos sobre investigações em curso. O El País prejudica o direito de resposta ao omitir da força-tarefa o material que diz usar nas reportagens. Esse material é oriundo de um crime e tem sido usado fora de contexto e com edições para fazer falsas acusações contra a Lava Jato.”

“CONCORRÊNCIA” DE DELAÇÕES QUE NÃO DARIA EM NADA

Além do empresário José Antunes Sobrinho, sócio da construtora Engevix, seu sócio Gerson Almada também competiu para denunciar Temer. Ambos passaram a negociar os acordos depois de serem presos. No Telegram, as conversas entre os procuradores mostram que os sócios apresentaram diversos anexos ao longo de meses. Almada, por exemplo, começou entregando uma proposta com oito anexos, cada um com supostos crimes cometidos por alguma pessoa ou grupo político. Ao longo da negociação, foi expondo mais as cartas de que dispunha, e terminou por entregar 30 anexos para a força-tarefa.

Foi, inclusive, Almada quem envolveu pela primeira vez, em 29 de março de 2016, o nome de Temer em supostos crimes. Porém, quando isso ocorreu, o arquivo de texto de sua proposta de delação, compartilhada no Telegram, não trouxe detalhes. Prometia apenas que posteriormente daria mais informações. Almada se limitou a dizer que manteve uma reunião com Michel Temer, “no escritório deste, para tratar de interesses da Engevix em áreas diversas da Petrobras” e que narraria “a participação do coronel Lima nos fatos”.

Na época, os procuradores comemoraram a competição. “Viva a livre concorrencia!”, escreveu Andrey Mendonça no chat Acordos Engevix, em 30 de março de 2016, após informação de que Antunes entregaria uma nova versão dos anexos. Cinco dias depois da primeira menção a Temer, em 4 de abril de 2016, Antunes revelaria os detalhes envolvendo o ex-presidente. Sua proposta de delação foi entregue à força-tarefa de Curitiba quando faltavam apenas duas semanas para Eduardo Cunha comandar na Câmara dos Deputados a sessão que afastaria Dilma Rousseff da presidência. O relato de Antunes poderia tumultuar a vida de Temer, mas acabou na gaveta e não atrapalhou nada.

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STF vai acabar com a síndrome de Simão Bacamarte da Lava Jato? https://nocaute.blog.br/2019/10/16/stf-vai-acabar-com-a-sindrome-de-simao-bacamarte-da-lava-jato/ Wed, 16 Oct 2019 21:51:32 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55845 Na coluna desta semana, José Augusto Ribeiro compara a história do Alienista, célebre conto de Machado de Assis, cujo protagonista se revela um tirano, ao comportamento abusivo da Lava Jato apoiado por toda a grande mídia brasileira. Amanhã o STF terá chance de colocar um fim nisso. A conferir.

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Na coluna desta semana, José Augusto Ribeiro compara a história do Alienista, célebre conto de Machado de Assis, cujo protagonista se revela um tirano, ao comportamento abusivo da Lava Jato apoiado por toda a grande mídia brasileira. Amanhã o STF terá chance de colocar um fim nisso. A conferir.  

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O que Gilmar Mendes fala o Jornal Nacional não mostra https://nocaute.blog.br/2019/10/16/o-que-gilmar-mendes-fala-o-jornal-nacional-nao-mostra/ Wed, 16 Oct 2019 15:00:22 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55795 O Brasil está liquidando uma de suas maiores riquezas. Vai pegar o dinheiro do leilão do pré-sal e distribuir entre governadores. No final da festa, vamos ficar sem dinheiro e sem petróleo. Você viu essa história no Jornal Nacional? Não? Então veja agora. Vai começar o Nocaute no Jornal Nacional, com Chico Malfitani.

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O Brasil está liquidando uma de suas maiores riquezas. Vai pegar o dinheiro do leilão do pré-sal e distribuir entre governadores. No final da festa, vamos ficar sem dinheiro e sem petróleo. Você viu essa história no Jornal Nacional? Não? Então veja agora. Vai começar o Nocaute no Jornal Nacional, com Chico Malfitani.

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NJN: Globo e manipulação, tudo a ver https://nocaute.blog.br/2019/10/15/globo-e-manipulacao/ Tue, 15 Oct 2019 15:22:24 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55745 O Nocaute no Jornal Nacional, com Chico Malfitani, começa a semana mostrando que o JN escondeu uma manifestação na Avenida Paulista, não mostrou que o povo nas ruas venceu o governo neoliberal no Equador, que silenciou-se diante de mais um vazamento da Intercept, que manipulou a informação sobre a votação da 2ª instancia no STF e foi dar voz a Shell, aquela dos barris de óleo nas praias de Sergipe.

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O Nocaute no Jornal Nacional, com Chico Malfitani, começa a semana mostrando que o JN escondeu uma manifestação na Avenida Paulista, não mostrou que o povo nas ruas venceu o governo neoliberal no Equador, que silenciou-se diante de mais um vazamento da Intercept, que manipulou a informação sobre a votação da 2ª instancia no STF e foi dar voz a Shell, aquela dos barris de óleo nas praias de Sergipe.

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“Vaza-Jato” apavora Globo e algumas ‘antas’ https://nocaute.blog.br/2019/10/10/vaza-jato-apavora-globo-e-algumas-antas/ Thu, 10 Oct 2019 18:56:11 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55580 Figurões do Grupo Globo e certas antas de um site de ultradireita devem estar bem preocupados com os novos vazamentos do Intercept Brasil. Pelas redes sociais, seu renomado fundador e editor, Glenn Greenwald, anunciou nesta terça-feira (8) que, em breve, divulgará mais uma matéria da Vaza-Jato – a corrosiva série de reportagens que tem desmascarado de vez os abusos de autoridade e outros crimes da midiática Operação Lava-Jato.

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Figurões do Grupo Globo e certas antas de um site de ultradireita devem estar bem preocupados com os novos vazamentos do Intercept Brasil. Pelas redes sociais, seu renomado fundador e editor, Glenn Greenwald, anunciou nesta terça-feira (8) que, em breve, divulgará mais uma matéria da Vaza-Jato – a corrosiva série de reportagens que tem desmascarado de vez os abusos de autoridade e outros crimes da midiática Operação Lava-Jato.

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