Ricardo Kotscho – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 31 Mar 2020 18:24:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.4.1 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png Ricardo Kotscho – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Lula: “Estou pronto pra falar com o Ciro” https://nocaute.blog.br/2020/03/31/lula-estou-pronto-pra-falar-com-o-ciro/ Tue, 31 Mar 2020 16:17:29 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=62967 Em entrevista ao portal UOL por telefone, o presidente Lula, vivendo sua quarentena em São Bernardo do Campo há 21 dias, ao lado da namorada Janja, falou da importância do manifesto da oposição divulgado na segunda-feira (30), assinado pelos ex-candidatos à presidência em 2018, Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Ciro Gomes, e endossado por outros governadores e presidentes dos partidos de oposição:

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Em entrevista ao portal UOL por telefone, o presidente Lula, vivendo sua quarentena em São Bernardo do Campo há 21 dias, ao lado da namorada Janja, falou da importância do manifesto da oposição divulgado na segunda-feira (30), assinado pelos ex-candidatos à presidência em 2018, Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Ciro Gomes, e endossado por outros governadores e presidentes dos partidos de oposição:

“O importante foi o Ciro Gomes ter entrado, não era correto eu assinar. PT, PDT, PSOL, PCdoB e o PSB têm-se reunido toda semana. Quando os partidos entenderem que eu devo participar dessas conversas, não terei problema nenhum, estarei pronto para falar com o Ciro. O importante agora é afastar o Bolsonaro”.

Lula comentou as declarações e ações do presidente Jair Bolsonaro nos últimos tempos, afirmando que “esse homem não respeita a ciência, os pesquisadores, não respeita nada. Para ele, a orientação científica para combater a epidemia vale muito pouco. O maior problema da crise é a falta de gerenciamento, tem que ter um comando centralizado. Ele tinha que conversar com os governadores e prefeitos, os partidos no Congresso, o movimento social, mas Bolsonaro não ouve ninguém, só os filhos e aquele guru dele lá da Virgínia. A oposição vai ter que encontrar um caminho para ver o que fazer com o Bolsonaro porque ele hoje é um perigo, não só para o Brasil, mas para o mundo”.

Deu no blog do Ricardo Kotscho

De quarentena há 21 dias em São Bernardo do Campo, desde que voltou da Alemanha, “sem por os pés para fora de casa”, o ex-presidente Lula não reclama da vida.

No final da tarde de segunda-feira, ele falou com o UOL por telefone sobre como está passando estes dias, outra vez confinado, agora por conta da pandemia.

A localização da casa alugada é mantida em sigilo, “para evitar aglomerações”, e respeitar o isolamento social imposto pelo Ministério da Saúde.

“Quando eu cheguei, consultei três médicos. Como eu não tinha nenhum sintoma, eles me falaram que não precisava fazer exames, só ficar em casa. Agora estou aqui, na bela companhia da Janjinha (apelido da namorada Rosângela da Silva, que acompanhou a entrevista por telefone). Não posso reclamar de nada. Aqui tem quintal, tem espaço para andar, bem melhor do que a cela em Curitiba, de 15 metros quadrados, onde passei 580 dias”.

Esta semana ele conversou bastante com Fernando Haddad, candidato do PT que o substituiu na última eleição presidencial, um dos articuladores do manifesto dos partidos de oposição que pede a renúncia do presidente Jair Bolsonaro, divulgado na véspera.

“Eu gostei da iniciativa do manifesto, acho que ficou muito bom. Na ideia inicial, era para ser assinado só pelos candidatos à Presidência da República em 2018 (além de Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos) e os governadores. Mas alguém vazou o documento enquanto esperavam as assinaturas dos governadores e só acabou entrando o Flávio Dino, do Maranhão, representando o PCdoB. Foi dado um passo importante pelos partidos de oposição porque, além da pandemia, temos um problema grave no Brasil hoje, que é o comportamento do Bolsonaro. Ele é o epicentro da crise que vivemos”.

Nesse ponto da conversa, Lula vira novamente líder da oposição e parte para o ataque como nos velhos tempos.

“Esse homem não respeita a ciência, os pesquisadores, não respeita nada. Para ele, a orientação científica para combater a epidemia vale muito pouco. O maior problema da crise é a falta de gerenciamento, tem que ter um comando centralizado. Ele tinha que conversar com os governadores e prefeitos, os partidos no Congresso, o movimento social, mas Bolsonaro não ouve ninguém, só os filhos e aquele guru dele lá da Virgínia. A oposição vai ter que encontrar um caminho para ver o que fazer com o Bolsonaro porque ele hoje é um perigo, não só para o Brasil, mas para o mundo”.

Aos que estranharam a ausência do nome dele no manifesto, Lula explica que não foi candidato em 2018, e a decisão coube aos partidos.

“O importante foi o Ciro Gomes ter entrado, não era correto eu assinar. PT, PDT, PSOL, PCdoB e o PSB têm-se reunido toda semana. Quando os partidos entenderem que eu devo participar dessas conversas, não terei problema nenhum, estarei pronto para falar com o Ciro. O importante agora é afastar o Bolsonaro”.

Aos 74 anos, Lula quer casar de novo, mas não tem pressa. Habituado a ajudar nos afazeres domésticos desde quando era casado com Marisa Letícia, Lula gosta de cozinhar e vai para a pia lavar pratos. No caso dele, a quarentena já é uma lua de mel.

“Não marcamos o casamento ainda, mas minha vida agora é uma eterna lua de mel. Eu sou um cara agraciado por Deus. Quando tudo parecia esvair-se na minha vida, surgiu a Janjinha”.

Por ter o mesmo sobrenome, Lula brinca que ela “já é minha parente há muito tempo…”.

Vida que segue.

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Ricardo Kotscho: “É um governo de vingança, de maldade, não tem nada para construir”. https://nocaute.blog.br/2019/03/16/ricardo-kotscho-e-um-governo-de-vinganca-de-maldade-nao-tem-nada-para-construir/ Sat, 16 Mar 2019 16:26:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=46454 Em entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista Ricardo Kotscho, ex-chefe de comunicação no governo Lula, faz um balanço dos primeiros cem dias de governo Bolsonaro. "O tratamento dado à imprensa na ditadura militar não era tão terrível como o que está acontecendo agora. Posso falar porque eu vivi isso: este é o pior momento do Brasil", diz Kotscho.

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Em entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista Ricardo Kotscho, ex-chefe de comunicação no governo Lula, faz um balanço dos primeiros cem dias de governo Bolsonaro. “O tratamento dado à imprensa na ditadura militar não era tão terrível como o que está acontecendo agora. Posso falar porque eu vivi isso: este é o pior momento do Brasil”, diz Kotscho. Confira:

Brasil de Fato: De modo geral, como o senhor avalia a relação do governo Bolsonaro com a imprensa?

Ricardo Kotscho: Eles atacam alguns jornalistas, alguns veículos, e escolhem alguns “amigos” com quem falam sempre. Desde que o Bolsonaro foi eleito, tem canais televisão, como a Record, o SBT e a Bandeirantes, que abrem câmera a hora que ele quiser. Ele fala o que quer, e só levantam a bola para ele. Daí, o presidente se acostumou mal. Não é esse o papel do jornalista.

Ele tem os “inimigos”, que são os repórteres “de verdade” – que, infelizmente, são uma minoria no Brasil. E tem aqueles caras que convivem com o poder, qualquer que seja o poder: querem estar bem na mesa do poder. Hoje [13 de março de 2019] teve um encontro do Bolsonaro com jornalistas, um segundo encontro, mas são caras escolhidos a dedo por ele. É só o pessoal em quem a equipe dele confia.

O que a postura adotada em relação à imprensa diz sobre o próprio governo?

É a filosofia do governo [Bolsonaro].

O governo está permanentemente em guerra.Tem os aliados e os inimigos – isso vale para tudo. O militar foi preparado para a guerra, inclusive esse capitão que é presidente hoje. Você olha para a cara, e ele está sempre acuado, sempre pronto para atirar. Tanto que a campanha dele tinha a “arminha”, e hoje a gente viu no que deu o negócio da arminha [a entrevista foi realizada no dia do massacre de Suzano].

O decreto dele e do Moro para liberar quatro armas por pessoa ainda nem foi aprovado, mas a Folha de S.Paulo publicou uma matéria mostrando que dá para comprar arma como quiser, com um curso mequetrefe. Todo mundo que quer ter arma já tem, e agora eles vão liberar mais.

Esta semana, Bolsonaro atacou uma repórter do Estadão, estimulou um linchamento nas redes sociais. E, na mesma postagem, atacou o pai dela.

O pai dela é o Chico Otávio, um dos grandes repórteres do Brasil, que já fez muitas matérias sobre as milícias no Rio e que vive ameaçado. Anteontem [11 de março], o Estadão fez um editorial rompendo com o Bolsonaro, detonando o Bolsonaro, aí ele ficou bravo e resolveu fazer esse negócio contra a repórter do Estadão – aproveitou e pôs o pai no meio. É tudo nessa base.

É um governo de vingança, de maldade, não tem nada para construir.

Qual a consequência disso a longo prazo?

Tudo que está sendo feito é para destruir os direitos que as pessoas têm, todos os direitos sociais dos últimos anos.

O Brasil deu uma bela melhorada. Se pegar os oito anos do governo FHC e os oito anos do Lula, foram 16 anos praticamente sem grandes crises, e o país cresceu muito no campo social. Estou completando mais de 50 anos de jornalismo, e nós nunca tivemos 16 anos tão bons para a maioria da população. Isso ninguém pode tirar, mas esse governo está aí, não tem nem 100 dias, e está destruindo tudo.

Já começou com o Temer, com a reforma trabalhista, e agora não vai sobrar nada com a reforma da Previdência. Querem vender tudo. Parece que pegaram o programa de governo do Lula, os avanços do governo Lula, e disseram: “Vamos acabar com isso aqui”.

Como você enxerga a postura do porta-voz do governo, o general Otávio Rêgo Barros?

Eu não consigo entender onde acharam aquela figura. Ele fala, fala e aí diz: “Agora, se alguém quiser fazer alguma pergunta…”. Aí, fazem duas ou três perguntas, ele encerra o negócio, vira as costas e fala: “Paz e bem”. Parece um pastor!

É uma mistura de general com pastor. Não dá para entender.

Os problemas de comunicação que o senhor aponta já se verificavam na campanha eleitoral?

Para você ter uma ideia, o Bolsonaro fez toda a campanha sem um assessor de imprensa oficial. Quem era o assessor de imprensa?

Antigamente, todos os candidato tinham um assessor de imprensa. Você sabia com quem tinha que falar. Ele não tinha. Eram ele e os filhos dele lá. Aquilo se transportou para o governo.

Agora, ele se cercou de generais por todos os lados. Tem mais militares hoje no governo do que eu peguei na ditadura militar. Nunca teve tanto militar no governo, nem quando os generais-presidentes mandavam no Brasil. Nunca teve.

O tratamento dado à imprensa na ditadura militar não era tão terrível como o que está acontecendo agora, ou no dia da posse. Foi uma coisa horrorosa. Deixaram sem comer e sem beber.

Nesse sentido, o senhor considera que o governo tem manipulado dados, escondido informações?

Vamos usar a palavra certa: mentir. Ele mente diariamente.

Há um levantamento que mostra que, em 60 dias de governo, ele mentiu 82 vezes. Ele mente como o [Donald] Trump, igualzinho. Ele dá informação errada…

Essa história da menina do Estadão, por exemplo, ele pegou e editou uma fala dela. Ele faz qualquer coisa como fez na campanha. O governo até agora foi o prolongamento da campanha, que foi a mais suja da história do Brasil.

O Sérgio Moro montou todo um esquema para tirar o Lula da eleição e depois acertou para ser ministro. Isso já mostra o caos institucional do país.

Tudo isso estava previsto, ou governo Bolsonaro é pior do que se imaginava?

Vou dizer uma coisa, e posso falar porque eu vivi isso: este é o pior momento do Brasil. Não só para a imprensa, para nós jornalistas, mas para o país.

Mesmo nos piores momentos da ditadura, você tinha líderes de oposição muito fortes, tinha jornalistas de combate, inclusive dentro da grande imprensa. A gente brigava, dentro da grande imprensa, para dizer alguma coisa e passar por cima da censura. A gente não estava acomodado.

Nessa época, eu estava no Estadão e trabalhava como se não existisse censura. A ordem do chefe de reportagem era essa: “Você faz a sua matéria, o outro lá [censor] vem à noite e corta. Não vamos nós cortar antes”. Não tinha auto-censura.

Não tem mais tantos jornalistas com autonomia, combativos. Os jornalistas da nova geração, principalmente de Brasília, são muito chegados no poder. É o que eu chamo de “jornalismo do prato feito”. Isso desde a Lava Jato.

Eles recebem vazamentos, fitas, documentos… é o prato feito! Almoçam e jantam com o poder. Mas tem exceções, é bom lembrar que tem exceções.

E é só pegar a história do rapaz [Bolsonaro] para ver que ia dar nisso. Aquele negócio de fazer arminha, de botar criança no colo e fazer arminha…

A gente, como jornalista, precisa ser equilibrado. Eu nunca acreditei nesse negócio de neutro, imparcial, isso aí não existe. Mas eu sempre achei que tem que ter equilíbrio. Mesmo como assessor de imprensa, nas campanhas do Lula, tinha colega nosso que cantava o jingle no palanque. Eu não cantava porque estava trabalhando, como jornalista.

Eu sei separar as coisas, mas está chegando um ponto em que não dá mais. Eu não tenho mais palavras, palavrões, para dizer o que está acontecendo. É inacreditável. Os jovens não têm ideia da gravidade do momento atual do Brasil. Não sei como vai acabar, mas não vai acabar bem.

Como você analisa os indícios de envolvimento das milícias com o governo federal e a morte da Marielle Franco, no Rio de Janeiro?

Eu escrevi no meu blog, o Balaio do Kotscho, sobre o esquema político protegendo as milícias. No Rio, qualquer repórter principiante sabe disso – quem são, como funciona, todo mundo sabe. O Chico Otávio já fez quinhentas matérias sobre isso. O [ex-ministro de Segurança Pública Raul] Jungmann, que fala, fala e não diz nada, mas deixou escapar [no final do ano] que já tinham mais informações sobre este esquema. Tanto é que chamaram a Polícia Federal para investigar a investigação da polícia carioca.

Ali é tudo mancomunado. A Polícia Militar, a Polícia Civil, a Justiça, o Tribunal de Contas…

O Sérgio Cabral não saiu do nada. Os Bolsonaro sempre foram ligados às milícias. Eu publiquei um estudo feito pelo Instituto Análise, listando 21 fatos que ligam o clã Bolsonaro às milícias. São fatos. Não é opinião, nem nada.

De volta à comunicação, quais eram as diretrizes do relacionamento com a imprensa quando o senhor estava na secretaria de comunicação?

Desde o início e em todos os sentidos, a gente procurou democratizar a informação. Não dava furo [informação exclusiva] para ninguém, não dava privilégio para ninguém. Podia ser um grande repórter da Globo ou um da Rádio Itatiaia, não tinha diferença. Todos eram atendidos.

Na secretaria de imprensa, tinha os setoristas que cobriam o Planalto – eram de 50 a 60 repórteres –, que ficavam lá direto. Incluindo técnicos, o pessoal que organiza as coletivas, o som, eram umas 50 pessoas. E desde o início eu deixei isso claro: tratamento igual para todos.

Eu trabalhava com a porta aberta e todo mundo podia entrar na minha sala. Às vezes, o Lula estava lá conversando e o pessoal entrava e falava com ele também. Era uma relação muito boa.

E como o Lula tratava a questão do presidente como figura pública?

Lembro do preconceito que tinha contra o Lula, por ser torneiro mecânico. O Lula sabia exatamente o papel dele como presidente. Ele se dava ao respeito e respeitava todo mundo. Você não consegue se lembrar de um episódio em que o Lula tenha desrespeitado o papel de presidente da República. Ele tinha noção do papel dele.

Esse rapaz [Bolsonaro] não sabe o que é Presidência da República, Constituição. Ele não sabe nada. Ficou 30 anos na Câmara e nunca fez nada.
Era uma figura folclórica. Ninguém prestava atenção nele a não ser quando ameaçava bater em alguém ou falava aqueles absurdos. Os jornalistas não sabiam? Não sabiam quem era essa figura? Por que saiu do Exército?

É só pegar o prontuário dele. Por que saiu com 33 anos? Por que é que foi preso? E [o problema] não é o fato de ter sido preso, porque tem gente que é preso político. Ele [Bolsonaro] foi preso porque ameaçou jogar bombas nos quartéis, na Cedae [Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro]. É um sujeito perigosíssimo, e entregam um país como o Brasil na mão dele.

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JFT: Distância entre Bolsonaro e Haddad cai 6 pontos https://nocaute.blog.br/2018/10/26/jft-distancia-entre-bolsonaro-e-haddad-cai-6-pontos/ https://nocaute.blog.br/2018/10/26/jft-distancia-entre-bolsonaro-e-haddad-cai-6-pontos/#comments Fri, 26 Oct 2018 21:58:14 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=41299 Fernando Morais também comenta uma carta de Ricardo Kotscho a Ciro Gomes, as ações da polícia e da Justiça Eleitoral nas universidades e lê poema de Gilberto Freyre.

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Fernando Morais também comenta uma carta de Ricardo Kotscho a Ciro Gomes, as ações da polícia e da Justiça Eleitoral nas universidades e lê poema de Gilberto Freyre.

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Carta de Ricardo Kotscho aos netos: eu decidi ficar aqui. Quem me acompanha? https://nocaute.blog.br/2018/10/21/carta-de-ricardo-kotscho-aos-netos/ https://nocaute.blog.br/2018/10/21/carta-de-ricardo-kotscho-aos-netos/#comments Sun, 21 Oct 2018 23:23:11 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=40833 “Não podemos desistir do Brasil!” (as últimas cinco palavras ditas pelo meu amigo Eduardo Campos, ao final da entrevista no Jornal Nacional, na véspera da sua morte num acidente de avião, quando era candidato a presidente da República, em agosto de 2014).

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“Não podemos desistir do Brasil!” (as últimas cinco palavras ditas pelo meu amigo Eduardo Campos, ao final da entrevista no Jornal Nacional, na véspera da sua morte num acidente de avião, quando era candidato a presidente da República, em agosto de 2014).

Meus queridos netos, Laura, João, Isabel, André e Olguinha,

tenho me lembrado muito nos últimos dias desta frase de Eduardo Campos, que entrevistei várias vezes, jovem político pernambucano que era apaixonado pelo Brasil e seu povo, e sempre falava com muito entusiasmo das nossas potencialidades como nação.

Tão apaixonado pelo Brasil como ele eram meus pais, que não se cansavam de me dizer quando eu era pequeno: “Este aqui é o melhor país do mundo. Você deu muita sorte de ter nascido aqui”.

Foi mesmo uma sorte, porque nasci poucas semanas depois de meus pais chegarem ao porto de Santos, num navio de refugiados de guerra que sobreviveram à grande tragédia do nazifascismo que tinha varrido a Europa dos nossos antepassados.

Grávida de sete meses, vovó Bete passou muito mal durante a viagem e por pouco não nasci no navio, que era de bandeira francesa.

Assim começou a vida da nossa família aqui, naqueles tempos difíceis do pós-guerra, quando a fome e o medo ainda grassavam em muitos países europeus.

Isso foi há exatos 70 anos, a minha idade.

Por que estou me lembrando de tudo isso agora, nestes dias que antecedem mais uma eleição direta para presidente da República, um direito duramente reconquistado pela minha geração, depois dos longos anos de ditadura?

É para pedir a vocês que não desanimem diante das enormes dificuldades que nosso país está enfrentando neste momento, com nossa democracia correndo mais uma vez sério risco de sobrevivência.

A vida dos países, assim com as nossas, é uma montanha-russa de altos e baixos, que vai alternando sentimentos de tristeza e de alegria, mas nunca devemos perder as esperanças em nós mesmos para tomar o destino nas nossas mãos.

Sei que no colégio de vocês, onde eu e seus pais também estudaram, muitos colegas estão falando em ir embora do Brasil, com medo do que pode acontecer depois da eleição.

Na nossa pequena família mesmo, temos exemplos: os 3 filhos e os 10 netos do tio Ronaldo, meu único irmão, já foram embora, vivem hoje nos Estados Unidos e na Inglaterra, e nem pensam em voltar.

Semana passada, ele e a tia Eliza também cuidaram de tirar os documentos de cidadania italiana, a que têm direito.

Ontem, o consulado de Portugal em São Paulo suspendeu a concessão de vistos tamanha era a procura de brasileiros querendo ir embora.

Não, o Brasil não vai acabar, mas pode ficar muito ruim de se viver aqui, eu sei, e agora estou começando a sentir receio de ficar sozinho porque não tenho mais idade nem saúde para ir embora.

Para falar bem a verdade, ainda que pudesse, eu não teria vontade de deixar o Brasil.

Já vivi esta experiência de passar dois anos fora, trabalhando na Alemanha, e morria de saudades da minha terra e dos meus amigos.

Meus pais tinham razão: apesar de todos os problemas e ameaças, injustiças e atrocidades, ainda não inventaram um país melhor para se viver.

Só aqui me sinto cidadão pleno, faço parte da paisagem e da história, não quero mais viver como estrangeiro em outro lugar, por mais belo e tranquilo que seja.

Como jornalista, vocês sabem, tive a oportunidade de viajar por todos os continentes, conheci tudo do bom e do melhor, e também do pior, e sempre queria voltar logo porque aqui é o meu lugar, lembrando aquela velha canção.

Nas próximas eleições, Laura e João já poderão votar para presidente e, quem sabe, a geração de vocês possa ajudar a construir um país mais solidário e fraterno, com menos desigualdades e intolerância como está acontecendo agora.

Basta pensar que, apenas quatro anos atrás, o Brasil estava próximo do pleno emprego, as pessoas faziam planos para melhorar de vida, ninguém se matava por causa de política e a gente só pensava em viajar para o exterior a passeio.

As coisas podem mudar para melhor outra vez. Só não sei quando, nem se terei tempo de ver, mas vocês certamente ainda poderão sentir novamente orgulho de ser brasileiros, ainda que seja com a idade que tenho hoje.

Pode demorar, vai depender do que vocês forem capazes de fazer e construir.

Só fico frustrado e triste por não poder deixar para vocês um país melhor do que aquele que meus pais me deixaram.

Sou obrigado a reconhecer o fracasso da minha geração, que passou a vida lutando por democracia e venceu muitas batalhas, mas agora deixa de herança o sofrimento de milhões de famílias sem trabalho, voltando ao mapa da pobreza, me fazendo lembrar das histórias dramáticas que meus pais contavam dos países destruídos pela guerra.

Aqui não tivemos guerra, mas fantasmas que pareciam definitivamente enterrados voltam a nos assombrar à luz desses dias sombrios, de volta a um passado tenebroso.

Se cada um, no entanto, fizer a sua parte e não entregar os pontos, boto fé que a geração de vocês poderá fazer o Brasil voltar a ser o que já foi, a terra prometida dos primeiros Kotscho que para cá vieram.

Eu já decidi: vou ficar.

Quem me acompanha?

E vida que segue.

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Carta de Ricardo Kotscho a Lula, seu "mano velho" de mais de quarenta anos https://nocaute.blog.br/2018/04/09/ricardo-kotscho-lula/ https://nocaute.blog.br/2018/04/09/ricardo-kotscho-lula/#comments Mon, 09 Apr 2018 15:30:04 +0000 https://www.nocaute.blog.br/?p=18570 Amigo de Lula há mais de quarenta anos, o jornalista Ricardo Kotscho acaba de enviar uma carta ao ex-presidente, preso em Curitiba . "O que mais me impressionou foi a tua serenidade diante do fato consumado, ao tentar animar as pessoas que estavam chorando no sindicato e ainda encontrando tempo para brincar."

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São Paulo, 9 de abril de 2018.
Meu bom e velho companheiro Lula,
como não sei se as cartas enviadas para a Polícia Federal aí de Curitiba chegam ao destinatário, escrevo aqui no Balaio mesmo, que é a minha ligação com o mundo.
Também não sei se você tem acesso à internet, mas algum parente ou advogado poderia te repassar esta carta.
Primeiramente, meus parabéns pelo título do teu Corinthians. Foi muito merecido, a vitória do tostão do Carille contra o milhão da porcada.
Fora isso, sem boas notícias por aqui.
Continua o troca-troca de ministros no governo e o Supremo deve se reunir de novo na quarta-feira para analisar a segunda instância, mas acho que desse mato não sai mais coelho.
Não duvido de mais nada e estou começando a não acreditar em mais nada vindo do Judiciário. É tudo jogo de cartas marcadas.
Aquela imagem do final da missa da Marisa no sábado não me sai da cabeça, e acho que nem nunca vai sair.
Você deve ter visto a foto de um menino de 18 anos, enteado do Chico, que rodou o mundo, aquele mar de gente te carregando sem você conseguir colocar os pés no chão.
Me fez lembrar os melhores momentos das nossas campanhas, das muitas caravanas, das assembleias na Vila Euclides no início desta longa travessia.
O que mais me impressionou naquela interminável sexta-feira em que você deveria se entregar em Curitiba foi a tua serenidade diante do fato consumado, ao tentar animar as pessoas que estavam chorando no sindicato e ainda encontrando tempo para brincar com os amigos, sem perder o bom humor, mesmo nos momentos de maior tensão.
Teve uma hora, lembra?, que o pessoal quis tirar uma onda do Eduardo Suplicy com aquela história de querer ir junto para a cadeia, e você cortou no ato:
“Vocês ficam falando, mas este é o único macho que tem aqui dentro. Quem mais quer ir comigo pra lá? Não liga, não, Eduardo, nós vamos ter muito tempo lá pra você me explicar esta história da Renda Mínima…”
Pena que você não pode acompanhar o que acontecia do lado de fora do sindicato, o dia inteiro com gente se revezando no caminhão de som para te prestar solidariedade, e mais gente chegando a toda hora.
Quando acabou a água no sindicato, o caminhão-tanque não conseguia passar porque as ruas estavam tomadas por militantes que vieram de várias partes do país. Reencontrei companheiros que não via há muito tempo e eles sempre lembravam de alguma passagem tua pelas cidades deles.
Para mim, o momento mais emocionante foi o ato inter-religioso no meio da tarde, bem na hora em que você já deveria estar em Curitiba.
Falaram os representantes de sete denominações religiosas, ao mesmo tempo em que três mil peões da Volks estavam chegando em passeata pela Via Anchieta. Anotei algumas falas:
“Nós, judeus, sofremos na pele e na história o que é nazismo. Aonde há arbítrio e injustiça nós estamos contra. E o Lula hoje é vitima da opressão e da injustiça”.
Logo em seguida falou um muçulmano representando os palestinos e usando quase as mesmas palavras:
“Nós estamos aqui hoje como estamos na Faixa de Gaza, lutando contra a opressão e a injustiça. E estamos aqui lutando pela liberdade de Lula”.
Depois veio um grupo de umbanda e candomblé, cantando e dançando, parecia uma festa ecumênica.
Foi muito tocante também o discurso em tua defesa feito pela nossa Luiza Erundina, firme e forte em cima do caminhão, de onde não arredou pé.
Naquela sala do sindicato onde se reuniram teus amigos mais antigos, o Djalma Bom distribuía cópia da carta que entregou com a assinatura de nove diretores do tempo em que você presidia o sindicato. Vi que vocês dois ficaram bem emocionados quando se abraçaram, lembrando outros tempos em que a polícia cercava o sindicato. Diz um trecho da carta:
“No ano de 1969, quando você começou sua militância como diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, tudo era proibido. Era proibido participar, discordar, contestar. Vivíamos num dos momentos mais cruéis da nossa história, da ditadura militar implantada em 1964, com forte repressão política contra o movimento sindical”.
E termina assim: “Não te garantem o direito constitucional da presunção da inocência. O que querem mesmo é te prender para que você não seja novamente presidente da República pela terceira vez como indicam as pesquisas eleitorais. Lula, nós acreditamos em sua inocência e você será sempre a nossa referência na luta contra qualquer tipo de injustiça”.
De tudo que li nos últimos dias sobre você, guardei uma frase do Jeferson Miola, colunista do portal 247, que resume o que também penso:
“Com sua dignidade, Lula derrotou os indignos”.
Vida que segue.
Forte abraço do Ricardo Kotscho
 
*A carta foi publicada originalmente pelo Balaio do Kotscho

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