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Imagine um mundo sem médicos cubanos

Para um cientista político, a ação dos médicos de Cuba espalhados por diversos países, pode ser um bom remédio para a humanidade.

Pedro Monzón Barata (*)

Conhecer qual é a verdade em um mundo no qual muitas notícias,  declarações falsas e a falta de ética estão em moda, é muito difícil; mais ainda quando seus autores estão movidos pela bruta agressividade imperial.

Enganar, porém, nem sempre é fácil. Este é o caso da cooperação médica cubana. Organismos internacionais, revistas especializadas, governos e, sobretudo, os povos atestam a realidade.   Com razão insistem no mérito da participação massiva, sem precedentes, de especialistas da saúde cubanos em projetos solidários nos lugares mais distantes do mundo. Os números  não mentem. Em 55 anos, até 2018, 164 países foram atendidos por 407419 colaboradores da saúde cubanos.

Agora bem, às vezes se omitem o ângulo mais importante: o que haveria sucedido, em um mundo sem o esforço massivo, sem precedentes, de médicos cubanos? Haveria sido trágico:

  • Apenas entre 1990 e 2018 teriam morrido ou estariam sofrendo de doenças curáveis ​​1.515.996.582 pessoas no planeta. Isso mesmo: 1,5 bilhão de pessoas.        
  • Permaneceriam na cegueira, ou quase cegos, mais de 5 milhões de pessoas na América Latina e Caribe.
  • Teriam morrido centenas de milhares de haitianos, equatorianos, paquistaneses, moçambicanos e de outros 22 países afetados por fenómenos naturais extremos, que foram atendidos pela Brigada contra desastres Henry Reeves.
  • Teriam morrido ou padecido por graves doenças muitas das 25.000 crianças contaminadas pela radiação no acidente de Chernobyl, que foram atendidas gratuitamente em Cuba.
  • Um número incalculável de africanos teriam morrido pela epidemia de ebola.
  • Em consequência da diabetes, dezenas de milhares de pessoas teriam tido que suportar amputações de membros.
  • Não estariam graduados mais de 29.000 médicos talentosos, porém de origem pobre, de aproximadamente 105 países, que após se formarem em Cuba regressaram à suas comunidades. 
  • Não seria possível tratar em Cuba centenas de pacientes de câncer de pulmão, de pele, cabeça e pescoço, entre outras doenças.

Por outro lado, perder-se-ia a oportunidade de presenciar uma massiva experiência humanitária que demonstra que:

  • Os seres humanos podem trabalhar por vocação, não unicamente por dinheiro.
  • O direito humano à saúde é uma razão poderosa para tamanha empresa.
  • A prioridade é evitar doenças, não curá-las, e para isso eles se apoiam no  trabalho social.
  • Mesmo um pais pobre e bloqueado economicamente, que se guie por políticas humanistas, pode chegar a ter um sistema de saúde gratuito, altamente sofisticado e contribuir decisivamente para a sobrevivência da humanidade. Que, com muito mais razão, um país rico teria possibilidades infinitas de ajudar ao mundo, se utilizasse para este fim parte de sua riqueza, talvez somente a que se gasta em armas e agressões.
  • Um sistema como o cubano dá lugar a especialistas de saúde humanos e respeitosos com seus pacientes, independentemente da origem social, raça, gênero, religião, ideologia e posição política.

Por isso, o êxito das políticas dos Estados Unidos, seguidas por um grupo escasso seguidores,  não somente tirou dos trabalhadores da saúde cubanos a oportunidade de fazer algo nobre para a humanidade, mas, ao contrário, condenou à morte e a suportar doenças curáveis e tirou as esperanças de milhões de pessoas, sobretudo pessoas humildes e sem recursos. Nos seus jogos egoístas não se importam com as consequências. Cuba não faz política com a saúde do povo.

(*) Pedro Monzón Barata, cientista político pela Universidade de Havana, é Consul Geral de Cuba em São Paulo e ex-embaixador cubano na Austrália e na Malásia.

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