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Globo frita e depois demite repórter esportivo com 31 anos de casa

Um assunto que poderia ter sido resolvido internamente, virou manchete do Jornal Nacional. E o repórter Mauro Naves acabou sendo demitido.

Toda grande empresa costuma ter problemas internos com os seus funcionários, dos mais variados. Mas a TV Globo, ao invés de resolver uma questão com o repórter Mauro Naves, dessa vez, decidiu espalhar a noticia por todo o país.

Mauro Naves é um repórter que sempre vestiu a camisa da TV Globo. Um bom texto, responsável e pronto pra ir pra rua a qualquer hora do dia e da noite e trazer uma boa matéria pra colocar no ar.

No mês passado, o repórter passou o contato do pai do jogador Neymar para um dos advogados de Najila Trindade, modelo que acusa o jogador de estupro. Quando o caso veio à tona e a Globo ficou sabendo, começou a atirar pedras no repórter. A noticia foi parar num pequeno editorial, dentro do Jornal Nacional, lido por William Bonner com e impostação de voz seríssima, um texto típico de um chefe mais realista que o rei.

Em novembro de 2017, a TV Globo sentiu que se saiu bem na fita depois do episódio William Waak. O apresentador do Jornal da Globo fez um comentário racista no intervalo do jornal, comentário que foi gravado por um funcionário da casa e jogado nas redes sociais. A frase de Waak – “É coisa de preto” – caiu como uma bomba. No mesmo dia, o apresentador foi colocado na geladeira e alguns dias depois, demitido.

A TV Globo não gosta da palavra demitido, prefere usar o “deixa a casa em comum acordo com a empresa”. Mas Waak foi mesmo demitido. Resumo da ópera: A Globo se saiu bem porque o comentário geral, alguns dias depois, era: “A Globo agiu certo ao demitir um racista”.

Foi aí que ela achou que o caso Naves poderia seguir o mesmo caminho, mostrando a lisura da emissora em não aceitar que um repórter ficasse passando contatos para advogados, por exemplo. O editoral lido por Bonner foi este: “Mauro Naves é um profissional excelente, com grandes contribuições ao jornalismo esportivo da Globo. Mas há evidências de que as atitudes dele neste caso contrariaram a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas. Em comum acordo, o repórter Mauro Naves deixará a cobertura de esportes da Globo até que os fatos sejam devidamente esclarecidos.” E foi assim que ele ficou de fora da cobertura da Copa América.

Com esse comunicado, a Globo quis mostrar que é a empresa mais transparente do universo. Todos aqueles que um dia trabalharam com Mauro Naves, sabem de sua conduta. No último dia em que trabalhou, voltou pra casa na certeza de não ter feito nada de errado. E muito chateado.

Naves passou um mês trancafiado dentro de casa, curtindo sua tristeza. Esperou, durante 30 dias, algum sinal de vida da Globo, que só veio agora, no dia seguinte do final da Copa América. Recebeu a noticia de que o seu contrato, que vence nos próximos dias, não será renovado.

Na verdade, a Globo, que vem, nos últimos tempos, enxugando a folha de pagamento de seus funcionários, aproveitou o caso Naves para tirar de cena mais um repórter com um salário acima da média.

Naves, apesar dos cabelos brancos, ainda tem muito chão pela frente. A essa altura, a CNN Brasil, que está montando uma equipe que deverá estrear até o final do ano, já deve estar de olho nele, de olho no lance.

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