Super-Revolucionários

Frida Kahlo e suas obras: ícones de latinidade, feminismo e socialismo

‘A revolução é a harmonia da forma e da cor e tudo está e se move sob uma única lei: a vida. Ninguém se aparta de ninguém. Ninguém luta por si mesmo. Tudo é tudo e um’.

No México, a história do país e da esquerda está diretamente associada às artes plásticas. Diego Rivera, José Orozco e, também, Frida Kahlo (1907-1954), a mais nova carta do baralho Super-Revolucionários.

Frida é filha de Matilde Gonzalez y Calderón, uma mulher de origem indígena e espanhola, e de Guillermo Kahlo, um imigrante alemão. A poliomelite, contraída aos seis anos, deixou fortes sequelas em seu corpo, bem como um atropelamento quase fatal, sofrido aos 18 anos.

O engajamento social e artístico de Frida fizeram dela um ícone do feminismo. Suas obras, inspiradas na cultura popular, exploram questões de identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça.

O baralho Super-Revolucionários é um projeto de Opera Mundi e Nocaute, o blog do escritor e jornalista Fernando Morais. Regularmente, os sites publicam cartas de grandes nomes da luta social e do pensamento revolucionários.

Nosso baralho já trouxe as cartas de Alexandra Kollontai, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella e Rosa Luxemburgo.

A ideia é, tão logo alcancemos um número suficiente de cartas, lançarmos um jogo inspirado no conhecido Super-Trunfo, junto com um livro com informações essenciais sobre esses super-revolucionários.

Numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuímos “notas” à atuação de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à contestação e à revolução.

As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.

REBELDIA 8

A rebeldia de Frida expressou-se de diversas formas: o casamento com Diego Rivera contra a vontade da família foi a mais “tradicional”, mas Frida, sobretudo, rompeu em suas obras e sua postura, inclusive no modo como se vestia, com a representação da mulher.

DISCIPLINA 6

Frida ingressou aos 13 anos de idade na Juventude Comunista, ainda tocada pela memória da revolução de 1910, quando tinha apenas três anos. Foi uma ativista por toda a vida, sem, contudo, abraçar a vida partidária.

TEORIA 8

A simbologia marxista está presente em sua obra, bem como o apego à cultura indígena e popular mexicana. Mas a combinação destes aspectos com um, digamos, “feminismo pictórico”, é que tornaram sua pintura um ícone do feminismo. Uma de suas obras, por exemplo, Henry Ford Hospital ou a cama voando, de 1932, é um autorretrato nua, ensanguentada numa cama industrial, após um aborto, rompendo os limites do que se podia pintar.

POLÍTICA 8

Como também foi o caso de Rivera, a militância cotidiana de Frida Kahlo tornou-se menor diante da obra artística que produziram. Mas a proximidade de ambos com o líder revolucionário soviético Leon Trotsky, em seu exílio no México, de quem Frida chegou a ser amante, mostra o quão envolvidos eles estavam na política socialista internacional. E o quão ambígua foi, também, essa militância: uma das últimas pinturas de Frida, de 1954, foi Auto-Retrato com Stalin, que morrera em 1953.

COMBATIVIDADE 6

Militante desde a juventude, Frida foi uma entusiasta da Revolução Mexicana, apoiou vítimas da guerra civil espanhola e, dias antes de morrer, já com pneumonia, participou de um ato contra o golpe patrocinado pela CIA na Guatemala.

INFLUÊNCIA 9

A visibilidade das obras de Frida foi crescente segunda onda feminista (entre os anos de 60 e 70) e hoje ela e suas obras são ícones da luta por igualdade de gênero, representatividade e resistência (coletiva e individual) aos padrões hegemônicos de beleza.

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