Mundo

Paris, capital anti-Bolsonaro

capital anti-Bolsonaro
Chico, dando entrevista ao Le Monde, em Paris Foto: Lluis Gene/AFP

Uma reportagem publicada pelo jornal Le Monde, mostra como a capital da França está se transformando num QG contra o governo brasileiro de ultra-direita.

Tudo começou no inverno de 2016, quando um pequeno grupo se reuniu em frente ao consulado brasileiro em Paris, enfrentando um frio de poucos graus, carregando faixas e gritando palavras de ordem contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff, um golpe.

A quase dez mil quilômetros do centro das discussões, o grupo era pequeno, mas fazia muito barulho e mostrava ao mundo o que se passava no Brasil. Dilma foi deposta, Michel Temer empossado, Lula foi preso e impedido de participar das eleições, a vereadora Marielle Franco foi assassinada e Jair Bolsonaro acabou virando presidente da República.

Um coletivo Solidarité France-Brésil foi formado e vários intelectuais, professores e artistas lançaram o Movimento Democrático de 18 de março, o MD18. O objetivo desses grupos é juntar ideias e compartilhar o máximo de informações sobre o que se passa no Brasil de Bolsonaro.
Num lugar nobre da capital francesa, num espaço verde junto a Gare de L’Est, a prefeitura já deu nome ao espaço: “Jardin Marielle Franco”, a vereadora que foi assassinada, no Rio, numa emboscada em março do ano passado, juntamente com o motorista Anderson Gomes.

Ontem à noite, o cantor e compositor Chico Buarque, que está em Paris escrevendo um novo livro, reuniu várias pessoas no Teatro Montoro, em Paris, para ler, juntamente com intelectuais e escritores, algumas das 22 mil cartas enviadas ao ex-presidente Lula, desde que ele foi preso em Curitiba, há 435 dias.

Entrevistado pelo jornal, Chico disse que tem algumas críticas ao Partido dos Trabalhadores, mas que o ódio que se instalou e se espalhou pelo Brasil é algo impressionante.

O ex-deputado Jean Wyllys, que renunciou ao mandato de Deputado Federal, depois de receber inúmeras ameaças, estava presente e leu também algumas cartas. Jean Wyllys está morando na Europa desde o início do ano.

É assim que Paris vai ser organizando para mostrar ao mundo que o Brasil de Bolsonaro é um país governado pela extrema-direita e que as pessoas precisam ficar sempre de olhos abertos, atentos.

Notícias relacionadas