Super-Revolucionários

Mao Zedong: a longa marcha do comunismo chinês

“O inimigo avança, retiramos. O inimigo acampa, provocamos. O inimigo cansa, atacamos. O inimigo se retira, perseguimos”.

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
FERNANDO CARVALL

Mao Zedong (1893-1976) não apenas foi a liderança da revolução socialista no país mais populoso do mundo – também foi o nome que embalou muitos dos sonhos da juventude em 1968.

A Longa Marcha de Mao, entre 1934 e 1935, quando o exército revolucionário comunista liderado por ele rompe um cerco militar imposto pelo regime do Kuomintang, partido nacionalista comandado por Chiang Kai Shek, já seria suficiente para incluir Mao Zedong entre os Super-Revolucionários.

Mas, considerando sua longa vida política, esse pode ser visto com “apenas” um momento de sua trajetória, capaz de fazer do PC chinês o modelo de muitos partidos comunistas pelo mundo (como foi o caso do PCdoB, no Brasil), em oposição ao socialismo soviético.

Mao é décima carta do baralho Super-Revolucionários, publicado por pelos sites Opera Mundi e Nocaute. O líder chinês sucede à carta da pensadora feminista Simone de Beauvoir. Além deles, já publicamos as cartas de Ho Chi MinhLeon TrotskyOlga BenarioKarl MarxSalvador AllendeTina ModottiCarlos Marighella e Rosa Luxemburgo.

A ideia é, depois de alcançarmos um número suficiente de cartas, montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses super-revolucionários.

Numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuímos “notas” à atuação de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à contestação e à revolução.

As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.

Selo mostra Josef Stalin, da União Soviética, e Mao Zedong (Foto: Wikimedia Commons)

Selo mostra Josef Stalin, da União Soviética, e Mao Zedong (Foto: Wikimedia Commons)

REBELDIA 10

Mao começou sua vida revolucionária alistando-se como soldado no exército libertador do líder nacionalista Sun Yat Sen, que funda a República Chinesa em 1912. Em 1921, participa da fundação do Partido Comunista Chinês, do qual se tornaria o maior líder após a Grande Marcha até Yanan (1934-1935).  

DISCIPLINA 7

Durante os primeiros anos no PC chinês, Mao apostou, contra a vontade dos líderes iniciais do partido, no potencial revolucionário do campesinato. Não se submeteu à linha pró-soviética. Entre 1966-1969, por meio da Revolução Cultural, resistiu às tendências que defendiam posições mais liberais na economia.

TEORIA 7

Mao produziu reflexões fundamentais sobre a guerra de guerrilhas e a importância dos camponeses no processo revolucionário em países com grande população rural e poemas. A política do Grande Salto à Frente, que tentou conciliar a industrialização com a coletivização agrária, entre 1957 e 1958, aliada à forte repressão política, levou ao fracasso da iniciativa, resultando em um período de fome generalizada no país.

POLÍTICA 8

A capacidade analítica e militar de Mao levou os comunistas ao poder após o fim da Segunda Guerra Mundial, expulsando, finalmente, os nacionalistas para Taiwan em 1949. Foi violento no afastamento dos adversários na Revolução Cultural e hábil na reaproximação com os Estados Unidos do direitista Richard Nixon, no início dos anos 1970, recolocando a China nos principais foros internacionais e isolando definitivamente Taiwan.

COMBATIVIDADE 10

Mao nunca deixou de ser um combatente. Mesmo doente, encontrou na sua última esposa, Jiang Qing, uma escudeira implacável, junto com outros três líderes radicais, Zhang Chunqiao, Wang Hongwen e Yao Wenyuan – eles formaram a “Camarilha dos Quatro”. Mao, contudo, manteve durante toda a sua liderança um nome mais moderado, Zhou Enlai (primeiro-ministro de 1949 a 1976) no comando do Estado e da economia. Zhou Enlai abriria o caminho para as reformas econômicas que fizeram a China crescer, se liberalizar e se integrar na economia mundial.

INFLUÊNCIA 9

O “Livro de Citações do Camarada Mao” é uma das obras mais difundidas do pensamento socialista. Ele acabou por se tornar, contudo, uma arma verdadeira “arma de guerra” de grupos maoístas, que a utilizaram fartamente para perseguir opositores dentro da própria esquerda.

Gostou dessa avaliação? Discorda? Comente no formulário abaixo:

Notícias relacionadas