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Oposição quer CPI para apurar o escândalo Queiroz/Flávio

Partidos de oposição ao governo Bolsonaro pretendem pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as movimentações atípicas nas contas de Fabricio Queiroz e os depósitos de até 7 milhões realizados em agência bancária da Assembléia do Rio. A denúncia foi feita pela Folha de São Paulo de hoje.

O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) registrou em cartório, de 2014 a 2017, a compra de dois apartamentos em bairros nobre do Rio, ao custo informado de R$ 4,2 milhões. As informações são da Folha de S.Paulo.

Em 3 anos, filho de Bolsonaro comprou R$ 4,2 milhões em imóveis, apontam os registros obtidos em cartórios. O período das aquisições dos imóveis de Flávio Bolsonaro é o mesmo em que o Coaf teria detectado movimentação de R$ 7 milhões nas contas do ex-assessor Fabrício Queiroz.

Em algumas das transações, o valor declarado pelos compradores e vendedores é menor do que aquele usado pela prefeitura para cobrança de impostos.

Em 2002, quando se elegeu pela primeira vez, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro declarou à Justiça eleitoral possuir apenas um Gol 1.0.

Relatório sobre movimentações atípicas divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, informa que o Coaf identificou pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica Federal. Uma das escrituras em nome de Flávio indica que ele quitou uma dívida no valor aproximado de R$ 1 milhão para a compra de um imóvel no bairro das Laranjeiras em 2017.

O imóvel foi comprado na planta pelo valor declarado de R$ 1,75 milhão. No mesmo ano ele se desfez do apartamento pelo valor de R$ 2,4 milhões, incluindo permuta de um apartamento e uma sala comercial.

No período pesquisado, Flávio também comprou imóveis na Barra da Tijuca, em Copacabana e na Urca. Ele também vendeu imóveis nos dois últimos bairros.

O filho do presidente declarou em entrevista à Record nesse domingo (20) que o pagamento do título bancário foi referente à negociação imobiliária. Ele também disse que o depósito de R$ 96 mil – fracionado em 48 pagamentos de R$ 2 mil, como mostrou o Jornal Nacional – refere-se a uma parte do valor do negócio paga em dinheiro em espécie.

O senador eleito afirmou que o valor foi fracionado porque esse era o limite aceito no caixa eletrônico. Flávio também disse à Record que o salário de deputado estadual, hoje em torno de R$ 25 mil, representa a menor parte dos seus rendimentos. Segundo ele, a maior parte do dinheiro vem de sua atividade empresarial, mas não detalhou qual é.

Reportagem publicada pela Folha no início de 2018 mostrou que Bolsonaro e seus três filhos políticos multiplicaram o patrimônio na política. Eles eram donos de 13 imóveis com preço de mercado avaliado em pelo menos R$ 15 milhões, em bairros valorizados do Rio. Em 13 anos, apenas Flávio tinha negociado ao menos 19 imóveis.

Setores de oposição ao governo Bolsonaro já negociam a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso do ex-motorista Fabrício Queiroz/Flávio Bolsonaro. O PT, maior bancada na câmara, tratará do assunto em reunião nesta segunda (21). A parcela favorável à CPI dentro do partido cresce a cada dia e busca formas de convencer outras siglas a comprar a ideia.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o Ministério Público do Rio e o governo não se mostram dispostos a levar o assunto às últimas consequências, e por isso a oposição no Parlamento entrará em campo. “Mesmo que a cúpula do Congresso barre a iniciativa, a oposição espera criar desgaste para o clã presidencial. Em dezembro, o presidente admitiu ter feito um empréstimo de R$ 40 mil ao ex-assessor do filho, sem declarar a operação à Receita”, disse Hoffmann.

O senador eleito não retornou o contato da reportagem. 

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