O empresário e advogado Fábio Carvalho comprará 100% das ações e será o CEO do Grupo Abril. A aquisição deve ser concluída em fevereiro.
O negócio precisará da autorização do Cade e de recursos para reestruturar a empresa, que pediu recuperação judicial em agosto.
Carvalho é especializado em comprar e reestruturas empresas em crise financeira. Entre seus investimentos, estão as Lojas Leader e a Casa & Vídeo.
“Com a venda do Grupo Abril para Fábio Carvalho, a família Civita delega a ele a tarefa de administrar os desafios e as oportunidades que estão no horizonte da nova mídia. Fábio reúne as características de empreendedor e a visão de negócio que os novos tempos exigem. Desejamos a ele muito sucesso”, declarou em nota Giancarlo Civita.
A Abril deixa uma dívida de R$ 1,6 bilhão com funcionários, bancos e fornecedores. Mesmo sob o novo controlador, os credores da editora devem reaver uma fração daquilo que lhes é devido, segundo reportagem do Valor Econômico. Pelos termos do acordo assinado, os Civita, que são netos do fundador do grupo, ficam livres de quaisquer ônus e Fábio Carvalho assume a responsabilidade por todo o endividamento da empresa. Essa era uma condição da família para aceitar ceder o controle da Abril.
Ainda de acordo com o Valor, Carvalho conta com o respaldo financeiro do banco BTG Pactual, que negociaria com os bancos credores da empresa para comprar com desconto os quase R$ 1 bilhão em dívidas bancárias.
A Abril chegou a ser a maior editora de revistas da América Latina, com 350 títulos não-simultâneos, 54 redações e 900 jornalistas.
Em menos de duas décadas, Victor Civita transformou O Pato Donald em um dos maiores impérios editoriais do país.
A história da Editora Abril começa em 1950, com o lançamento da versão brasileira da revista em quadrinhos norte-americana O Pato Donald, franquia do grupo Disney. Fundador do Grupo Abril, o ítalo-americano Victor Civita iniciou as atividades num pequeno escritório no centro de São Paulo com meia dúzia de funcionários.
Dez anos depois, Victor teve a ideia de publicar obras de referência em fascículos vendidos em bancas de jornal. Com a publicação daquela que era chamada “A Bíblia Mais Bela do Mundo”, criou um fenômeno editorial.
Em 1966 a Abril lançou REALIDADE, a primeira revista mensal do País a investir em grandes reportagens e que se tornou um marco no jornalismo brasileiro. Dois anos depois lançaria Veja, a semanal de informação que se transformaria no veículo mais influente do país, com mais de 10 milhões de leitores.