Jair Bolsonaro cancelou, sem dar explicações, a audiência que teria com o presidente do Senado na terça-feira. Na tarde de ontem o ex-capitão foi alvo de farpas do senador: “Não estou preocupado se Bolsonaro vai gostar ou não”, declarou Eunício de Oliveira. “Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir neste Poder.”
O futuro presidente Jair Bolsonaro cancelou dois compromissos previstos para a próxima terça-feira (13). De acordo com a assessoria do ex-militar, a audiência com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) foi retirada da agenda oficial, assim como o encontro que teria com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) : “O presidente eleito cancelou a visita ao Congresso Nacional que faria na próxima terça-feira. Seguirá da Base Aérea direto para o CCBB”, comunicou a assessoria, que não soube explicar o motivo dos cancelamentos.
Na última terça-feira (6), uma declaração do economista Paulo Guedes defendendo uma “prensa” no Congresso para acelerar a aprovação da reforma da Previdência repercutiu mal entre os parlamentares e uma troca de farpas se iniciou entre os poderes.
“O presidente tem os votos populares e o Congresso a capacidade de aprovar ou não. Prensa neles. Se perguntar para o futuro ministro, ele está dizendo ‘prensa neles’, pede a reforma, é bom para todo mundo”, disse Paulo Guedes.
Logo em seguida o presidente do Senado, Eunício Oliveira, rebateu a afirmação de Guedes dizendo: “Só não aceito que digam que o Congresso tem de levar prensa. Aqui tem a liberdade de cada um botar o dedinho e votar sim, não ou abstenção.
Diante da notícia de que o futuro presidente ficara irritado com o comportamento do Congresso, Eunício engrossou a voz, em entrevista ao Estadão:
– Ah, o Bolsonaro diz que não gostou? Não estou preocupado se Bolsonaro vai gostar ou não. Qual o motivo de eu, como presidente de um Poder, procurar o presidente eleito de outro Poder para perguntar o que ele quer? Zero. […] O Paulo Guedes disse: ‘Ou você vota a reforma da Previdência ou o PT volta’. Primeiro eu não estou preocupado com volta ou não do PT. Quem deve saber o que quer para a frente, quem assumiu a responsabilidade de governar o Brasil, infelizmente, não fui eu. Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir neste Poder.
Além do episódio, na quarta-feira (8) o Senado aprovou o reajuste salarial para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), contrariando Bolsonaro, que deverá lidar com uma bomba fiscal de ao menos R$ 259 bilhões, impacto previsto nas contas públicas causados por dez projetos aprovados – ou que avançaram – no Congresso em 2018.
Em nota, assessoria de Eunício Oliveira informou que continua à disposição de Bolsonaro, “para o diálogo e o entendimento sobre assuntos que ele achar que o Congresso e ao Senado devem avaliar”.
