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Morre Otavio Frias, diretor da Folha de S. Paulo

Frias lutava contra um câncer de pâncreas desde setembro do ano passado. Nocaute foi o primeiro veículo a divulgar o estado de saúde do diretor de redação do jornal Folha de S. Paulo e diretor editorial do Grupo Folha.

Morreu nesta terça-feira aos 61 anos Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.  Paulo. Frias foi diagnosticado com câncer no pâncreas em setembro do ano passado.

Em abril deste ano, o editor do Nocaute, Fernando Morais, entrevistou Otávio Frias sobre sua condição e o tratamento.

“Apesar de continuar achando que não sou notícia”, disse Frias ao Nocaute, “não tenho divulgado, mas tampouco tenho ocultado minha condição clínica.” Leia aqui.

Otavio Frias deixa Fernanda Diamant, editora da revista literária Quatro Cinco Um, com quem teve as filhas Miranda e Emilia, e os irmãos Maria Helena, médica, Luiz, presidente do Grupo Folha, e Maria Cristina, editora da coluna Mercado Aberto.

Quem foi Otavio Frias Filho

Otavio Frias Filho nasceu em São Paulo em 1957. Filho mais velho de Octavio Frias de Oliveira, empresário que comprou em 1962 a empresa que edita a Folha, Frias Filho começou a atuar no jornal em 1975, escrevendo editoriais e assessorando o jornalista Cláudio Abramo, que dirigia a Redação.

Nessa época, participou da reforma editorial conduzida por Octavio pai e Abramo, na qual as páginas da Folha foram abertas a políticos e intelectuais de todas as tendências, aproveitando o início de abertura política. A linha pluralista trouxe prestígio à Folha e a aproximou da sociedade civil.

No final de 1983 a Folha foi o primeiro veículo da grande imprensa a encampar a embrionária campanha pelas Diretas Já.

Otavio foi responsável pela direção editorial do jornal desde 1984. Seu irmão, Luiz Frias, é o presidente do grupo, enquanto sua irmã, Maria Cristina Frias, é jornalista e edita a coluna “Mercado Aberto”, no jornal. Também publicou uma coletânea de textos jornalísticos em 2000 – De Ponta-cabeça (Editora 34) -, extraídos da coluna semanal que manteve na Página Dois da Folha entre 1994 e 2004.

Foi autor de peças teatrais e teve quatro delas encenadas: “Típico Romântico” (1992), “Rancor” (1993), “Don Juan” (1995) e “Sonho de Núpcias” (2002). Publicou em 2003 “Queda Livre” (Companhia das Letras), livro de ensaios que condensa reportagem, autobiografia e observação antropológica. É também autor de “Seleção Natural” (Publifolha, 2009). Atualmente a peça “O Terceiro Sinal”, de sua autoria e estrelada por Bete Coelho está em cartaz no Teatro Oficina.

Segundo o relatório final da Comissão da Verdade, a Folha de S.Paulo apoiou ideologicamente o golpe militar – inclusive cedeu algum de seus automóveis para ações repressivas.

A Comissão usou como base para a denúncia o livro “Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988”, da pesquisadora Beatriz Kushnir, que afirma que “foi constatada a presença ativa do Grupo Folha no apoio à Oban, seja no apoio editorial explícito no noticiário do jornal Folha da Tarde, seja no uso de caminhonetes da Folha para o cerco e a captura de opositores do regime”. Em 1971, três caminhonetes da Folha foram queimadas por militantes de esquerda como forma de protesto.

Sobre a acusação de que a Folha teria cedido carros para ações repressivas na ditadura militar, Otávio Frias respondeu em nota ao Nocaute, também em abril deste ano, que não há registros que comprovem a utilização dos carros nos arquivos da ditadura. Leia a nota na íntegra.

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  1. Avatar
    Sergio Domingos Vieira says:

    O que esse senhor fez com o Lula, durante um almoço na Folha, é algo reprovável e demonstra como esta elite é discricionária. Terá que justificar suas ações discriminatórias e de perseguir as pessoas perante Deus.

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