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Mattis, a Escola das Américas e o avanço do militarismo na América Latina

A recente visita de James Mattis, o secretário de Defesa de Trump mais conhecido como “mad dog (cachorro louco) Mattis” reacendeu um importante debate, por vezes deixado de lado quando falamos sobre o intervencionismo estadunidense na região: os perigos da militarização da América Latina.

E falar de militarização na América Latina é falar, invariavelmente, do nefasto legado da Escola das Américas.

Fundada em 1946, a SoA, na sua sigla em inglês, é uma instituição do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que tinha como objetivo treinar soldados latino-americanos em táticas de guerra. Em 1961, seu objetivo foi oficialmente alterado para treinar militares no combate ao comunismo e em táticas de contrainsurgência.

Em 1984, foi trasladada para os Estados Unidos – condição imposta por Jorge Illueca para assinar os acordos de construção do canal do Panamá. O ex-presidente panamenho considerava a SoA como a mais importante “base para desestabilização na América Latina”. Em 2001 foi renomeada como “Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança”, mas sua cartilha segue a mesma.

Mas por que nos interessa revisitar a história da Escola das Américas?

Porque vivemos um período de retomada do protagonismo militar na região. Colômbia denunciando os acordos da UNASUL e, ao mesmo tempo, entrando para a OTAN; Argentina devolvendo aos militares o poder de intervir em assuntos internos; Brasil convidando os Estados Unidos para exercícios militares, intervenção no Rio, recepcionando Mattis para retomar os acordos de “cooperação militar” suspensos desde Geisel.

Tudo aponta para o início de uma nova fase na ofensiva de retomada do poder hegemônico: instalados os governos-fantoche, passamos agora para a fase de recrudescimento da intervenção militar na vida nacional, o que vem acompanhado de um desprestígio cada vez maior do poder civil – quantas vezes você já não ouviu coisas do tipo “nenhum político presta” ou “tem que acabar com tudo isso que está aí”?

Pois bem. Na última vez que vimos isso acontecer – militares ocupando postos estratégicos no governo Civil, assuntos de defesa nacional sendo decididos em convescotes com militares estrangeiros, criminalização dos mais diversos âmbitos da vida política e civil, fomos obrigados a viver uma longa, longa noite, que deixou uma lista ainda mais longa de vidas irreversivelmente modificadas, torturadas, desaparecidas para “acabar com tudo isso que está aí”.

Parafraseando Che, relembrar a história é a única maneira de não voltar a repeti-la.

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