Brasil

É impossível fazer uma reforma da educação sem ouvir os jovens.

Em sua vídeo coluna, Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional da Educação, comenta a participação dos jovens no movimento de renovação política que acontece hoje no Brasil.

Em todos os debates que eu tenho acompanhado e participado a respeito do tema da educação, uma das coisas que me deixa mais empolgado atualmente é a participação dos jovens.

Nós temos tido a presença de representantes dos movimentos estudantis, principalmente da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) – presidida pelo Pedro Gorki – um maranhense formidável, uma pessoa absolutamente encantadora, lúcida e com uma posição política, ideológica e de amor pelo Brasil, que é uma coisa que nos encanta.

Recentemente, em um debate que nós tivemos em Fortaleza, uma audiência pública sobre a Base Nacional Comum Curricular emocionou a todos nós a manifestação da representante da UNE (União Nacional dos Estudantes), chamada Germana Amaral – uma estudante da Universidade Federal do Ceará.

Ela mesma não conseguia conter sua emoção ao dizer sobre os desejos e perspectivas da juventude brasileira, no momento em que discutíamos a Reforma do Ensino Médio.

O que nos disse a Germana?

Ela nos disse que o nosso problema não é o que aponta o governo – que o ensino médio não tem solução, que tem que diminuir o número de disciplinas e tudo mais.

Ela disse: “olha, nós estudantes queremos ter aula de artes, de sociologia, filosofia, história, física e química. Nós queremos tudo isso.

O problema é que nós não estamos tendo essa matérias. Porque as nossas escolas são precárias, muitos de nós, estudantes, precisamos trabalhar, as condições efetivas para que se faça uma educação completa é que estão faltando”.

Então,  jovens como o Pedro e como a Germana são exemplos da juventude que começa a se organizar em torno de movimentos de renovação política, defendendo o tema da educação. Esse jovens compreendem que somente com educação de boa qualidade é que teremos condições de ser um país democrático, desenvolvido e socialmente justo.

O berço da desigualdade social no Brasil está localizado na desigualdade de acesso à educação. Vejam, por exemplo, as estatísticas e os números em relação ao ensino médio no Brasil.

93% dos jovens brasileiros, hoje no país, concluem o ensino médio sem ter os conhecimentos mínimos em matemática. 74% concluem o ensino médio sem os conhecimentos elementares de língua portuguesa.

Língua portuguesa e matemática são áreas importantes mas elas não são tudo. Elas precisam também das outras áreas, precisam das outras disciplinas – precisam de filosofia, artes, educação física, história e geografia. Como também das chamadas ciências duras – química, física e biologia.

A educação é um complexo, não pode ser minimizada ou reduzida como quer o atual governo ao fazer sua atual proposta do ensino médio.

Então, de todos os que têm militado em torno da área da educação, aquilo que nos toca mais fundo é exatamente a perspectiva da juventude.

Não é possível fazer uma reforma educacional no Brasil sem ouvir o que esses jovens têm a dizer. Eles sabem muito, tem consciência e é por eles, e com eles, que haveremos de fazer as transformações na educação que o nosso Brasil tanto precisa.

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