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Aloysio Nunes foi aos EUA para conspirar com o que há de pior no governo Trump


A 48ª Assembleia Geral da OEA termina sem maiores surpresas. Mais uma vez, a organização mostra a que veio. Ao invés de discutir temas como os assassinatos políticos no México, as desaparições forçadas na Colômbia, ou mesmo a fraude eleitoral em Honduras (reconhecida pela própria organização), os chanceleres da região se reuniram mais uma vez para discutir o que parece ser a única pauta em todas as Américas.
Não só a pauta era única, como também era único o objetivo: suspender a Venezuela da organização, como Mike Pence, o vice de Trump, já havia deixado claro na sessão especial do Conselho Permanente de maio passado. Mas apesar das insistentes (e cada vez mais abertas) chantagens, os Estados Unidos não conseguiram os 24 votos necessários para a suspensão. O que conseguiram, no fim das contas, foi aprovar uma resolução chocha, com um voto a menos do que tinham no último ano – desta vez o Uruguai, em um derradeiro gesto de dignidade, se absteve de votar.
Ao fim e ao cabo, a resolução não passa uma distração para tirar o foco do que realmente aconteceu: os Estados Unidos fracassaram, mais uma vez, em gerar um consenso regional para além do malfadado Grupo de Lima. Ainda assim, não deixa de ser revelador que 19 países da região apoiem o que vem sendo considerado como um convite aberto para uma intervenção cada vez mais ampla contra a Venezuela, incluindo uma intervenção militar, em uma manobra muito semelhante à que permitiu a invasão do Iraque, como lembrou o chanceler de San Vicente e Granadinas. Não deixa de ser irônico que esses países “urjam” que o governo venezuelano aceite ajuda humanitária enquanto, ao mesmo tempo, dão luz verde para a aplicação de mais sanções unilaterais, as mesmas que tanto sofrimento vêm causando ao povo venezuelano.
Menos noticiada, mas tão preocupante quanto, foi a reunião bilateral entre o golpista Aloysio Nunes e o atual secretário de Estado de Trump e ex-chefe da CIA, Mike Pompeo. Segundo comunicado oficial, a pauta da reunião foi, além da situação da Venezuela, o estreitamento das discussões sobre o Foro Permanente de Segurança Brasil-Estados Unidos. Lançado em 22 de maio, com a presença, entre outros de Raul Jungmann, representando essa aberração criada por Temer conhecida como “Ministério Extraordinário de Segurança Pública”, o Foro tem como objetivo “estreitar a colaboração” entre agências dos dois países para desenhar “operações estratégicas” em seis áreas distintas – coincidentemente, as tais “áreas” são as mesmas que historicamente vêm sendo usadas pelos Estados Unidos para intervir na região: tráfico, corrupção, terrorismo… Enfim, os grandes monstros difusos que movem as relações exteriores de Trump com cada vez mais força.
Vale lembrar que Aloysio Nunes foi recebido na OEA com toda pompa e circunstância, sem nenhum questionamento sobre a legitimidade do governo golpista que representa. Vale lembrar que foi justamente uma cooperação ilegal entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que embasou as denúncias de Moro contra Lula.
Tempos obscuros se assomam sobre a região. E o Brasil de Temer parece disposto a estar na vanguarda desse retrocesso.
Mais Nocaute:

Com apoio do Brasil, EUA aprovam “Resolução Mike Pence” contra Venezuela

Vem aí o livro de memórias de José Dirceu. O primeiro tomo chegará às livrarias nas próximas semanas.


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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    A articulista parece continuar a habitar um planeta outro que a Terra, já que se “esquece” (não sei se por processo de amnésia seletiva ou geral, que:
    1. Se ninguém da OEA questionou a legitimidade do governo brasileiro, então será porque existe tal legitimidade aos olhos dos representantes dos demais países;
    2. Não houve qualquer cooperação ilegal entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos EUA. E a condenação de Lula por Moro, embora questionável sob o prisma de provas cabais, em nada teve a ver com aquela cooperação.
    Mais ainda, chamar o Ministério Extraordinário de Segurança Pública de “aberração” é que é algo aberrante ao extremo, particularmente, à luz das mais de 60.000 mortes criminosas por ano, a recente tentativa de golpe de estado da extrema direita camuflada de greve de caminhoneiros e a festa que fazem organizações criminosas como o PCC e quejandos, como as recentes no Estado de Minas Gerais.

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