Brasil

Tempos bizarros em um país náufrago


 
A verdade é que a gente está vivendo tempos bizarros em um país bizarro, um país náufrago. Um dia desses a defesa do senador Aécio Neves da Cunha, do Aécio Cunha que é o verdadeiro nome dele, diz a certa a altura que ele não é um funcionário público qualquer. Gente, é claro que não. Não é qualquer funcionário público que pede 2 milhões de reais para o empresário corrupto e tem um primo flagrado com uma mochila com 500 mil reais. Não é, ele realmente não é um funcionário público qualquer. Ele é o autor mental. Putz, ele realmente não é um funcionário público qualquer ele é o autor intelectual do golpe, que levou o Brasil ao ponto que o Brasil está. Este país repito: náufrago.
 
Mas os tucanos têm uma peculiaridade por exemplo o deputado Bonifácio de Andrada ele foi escolhido para ser o relator da acusação contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos deputados. Pois bem, ele recebeu uma advertência: ou ele se licencia do PSDB ou ele renuncia a ser relator. Para não prejudicar a imagem do partido. Gente, que imagem do partido? Que imagem? Um partido que é incapaz de punir o Aécio Neves da Cunha quer ter imagem?
 
Agora a bizarrice não é só nacional. Aqui no Rio de Janeiro temos um bizarro próprio: o Bispo Marcelo Crivella. Ele resolveu, ao contrário do João Dória que é bizarrice paulistana, o Crivella resolveu mostrar serviço. Ele que não faz nada, por sorte nossa, resolveu fazer alguma coisa. Ele determinou a mudança de uma série de ruas ou daquilo que a gente chama de rua, de viela, na Vila do João.
 
A Vila do João é uma das favelas que têm uns 13 mil habitantes do complexo da Maré. É a região mais violenta do Rio de Janeiro. Providência do bispo Crivella para melhorar a situação dos moradores que vivem em uma realidade de horror: mudar nome de rua e de viela. Então a gente vai ter a Rua do Amor, que vai levar a Rua do Éden, que vai levar a Rua do Perdão, que vai dar na Rua do Otimismo, que vai levar a Rua da Adoração.
 
Nos quatro primeiro meses deste ano foram assassinadas 41 pessoas na Vila do João. Dez por mês, uma a cada três dias. No complexo da Maré este ano morreram, entre janeiro e agosto, 87 pessoas. E o bispo Crivella quer melhorar mudando nome de rua. Isso é tão hipócrita como ninguém mais dizer favela, dizer comunidade. Como se isso fosse mudar a situação do cotidiano de quem mora lá.
 
Outras coisas que o bispo Crivella fez: os alunos das escolas municipais do Rio estão sem material escolar, as turmas foram cortadas, os garis da limpeza, por exemplo, foram levados para o Rock In Rio deixando as escolas municipais sem serviço de limpeza. Os alunos estão sem uniforme, as merendas foram cortadas. Quer dizer, essa é a realidade, uma das realidades bizarras desse país de bizarrices.

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