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Catalunha: "Não vamos retroceder um milímetro"

Carles Puigdemont


Apesar dos esforços do governo espanhol para impedir a realização do referendo no próximo domingo (1º), o presidente da Generalitat da Catalunha, Carles Puigdemont, afirma que a consulta popular vai se realizar.
Em entrevista ao jornal local El Diario, Puigdemont diz: “Sem dúvidas que vamos fazer o referendo que convocamos”. Ele argumenta que a atuação do governo alterou as condições, “mas o que não mudou, e mais, eu diria que melhorou, é a vontade dos cidadãos de votar”.
“Hoje há uma um número maior de pessoas que querem votar do que havia antes, há um mês, por exemplo”. “Não vamos retroceder nem um milímetro em nosso compromisso”.
Para Puigdemont, não está em discussão uma declaração unilateral de independência. “O que está sobre a mesa neste momento é apenas um itinerário: o referendo do dia 1º. E nossa obrigação é defender o referendo até o final. Com todas as consequências”.
O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC) e o Ministério Público da Espanha determinaram que as forças de segurança impeçam a abertura dos colégios eleitorais, que serão lacrados a partir de sexta-feira, depois do encerramento das aulas.
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Manifestações pelo direito de realizar a consulta popular no dia 1º (Foto: Ricardo Setti)


O governo central alega ser ilegal o referendo e por isso mandou tirar do ar 140 sites separatistas e está interceptando correspondências para dificultar a chegada das cédulas de votação. E também acusa a Rússia (onde estão hospedados os domínios de sites separatistas censurados na Espanha) de conspirar para enfraquecer a União Europeia.
“Não é um crime. E não há uma ameaça à segurança. Que me digam exatamente onde está a ameaça à segurança ao convocar um referendo, ainda que seja um referendo sem acordo com o Estado”, responde Puigdemont.
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Como o Judiciário também ordenou que os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, excepcionalmente comandada pelo governo central, disperse qualquer concentração de pessoas diante dos locais de votação durante todo o fim de semana, há uma expectativa de tensão. Sobre isso, Puigdemont declarou que os separatistas não recomendam a ninguém praticar atos violentos. “Sabemos que vai existir uma provocação para que se rompa um movimento pacífico, convencional. Mas não vamos permitir”.
Quando fala em provocação, ele se refere a um “ardor guerreiro” por parte do governo espanhol para poder impedir o referendo. Medidas como as prisões de membros do governo catalão, por exemplo, na semana passada. “Contrasta com a falta de ardor democrático e de ardor político que [o governo] deveria ter tido, não nessa semana, mas em todos esses anos, para poder dialogar com uma realidade que não nos agrada, mas que existe. É um problema político”.
Na terça-feira (26), o procurador-geral espanhol, José Manuel Maza, chegou a declarar que não descarta a possibilidade de ordenar a prisão de Puigdemont.

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