A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (13) um dos donos da J&F e presidente da JBS, Wesley Batista, em São Paulo. O empresário foi detido por conta da suspeita de ter usado informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro entre abril e maio de 2017. Nesse período, foram divulgados fatos relacionados ao acordo de delação premiada firmado entre a Procuradoria Geral da República e executivos do grupo.
A ordem de prisão foi expedida pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. O pedido é preventivo, sem data para terminar.
Joesley Batista, irmão de Wesley, também foi alvo de mandado de prisão expedido pela Justiça Federal em São Paulo nesta mesma ação. Porém, ele já está preso temporariamente desde o último domingo (10).
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Ambos podem ser responsabilizados pelo crime de “utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários: com penas de 1 a 5 anos de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida”.
Com essas investigações, benefícios do acordo de delação de Joesley e de Wesley podem ser suspensos, porque a premissa é não cometer (mais) nenhum crime.
Documentos apresentados pela JBS à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mostram que pessoas ligadas aos irmãos Batista venderam R$ 328,5 milhões em ações da empresa no período da negociação do acordo com a PGR.
Em nota, a defesa dos irmãos Batista afirmou o seguinte. “Sobre a prisão dos irmãos Batista, no inquérito de insider information, é injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos. O Estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça”.
CPI
A prisão de Wesley acontece em meio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as condições em que foi firmado o acordo de delação premiada. Na terça-feira (12), o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi escolhido para ser o relator.
A delação resultou nas denúncias que envolveram o presidente Michel Temer e aliados em participação de esquema de pagamento de propina em troca de favores entre empresários e governo.
Na semana passada, as investigações sofreram uma reviravolta depois da divulgação de um áudio de quatro horas em que Joesley Batista e o executivo da JBS Ricardo Saud acertavam, de acordo com o Ministério Público Federal, a omissão de informações aos investigadores. Os executivos foram presos preventivamente devido aos fatos.
Marun é um dos principais aliados do governo. Em sua campanha recebeu recursos de outros candidatos que foram financiados pela JBS. O deputado nega que esses dois fatos influenciem seu trabalho na CPI.
“Eu me sentiria impedido se eu tivesse relação estreita com a JBS, coisa que eu não tenho. Então, me sinto completamente à vontade e tranquilo para o exercício dessa relatoria. Tenho uma relação estreita com o governo. Mas eu vou atuar em cima da verdade”, declarou.
*Com informações da Agência Brasil.