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Temer autorizou por telefone caixa dois para campanha de Chalita, diz Funaro

Em acordo de delação premiada, o doleiro Lúcio Funaro diz ter presenciado um telefonema de Michel Temer, então vice-presidente, avalizando pagamentos eleitorais para beneficiar a campanha de Gabriel Chalita (PMDB), candidato à Prefeitura de São Paulo em 2012, como pedágio para liberação de crédito da Caixa Econômica Federal.
Além de Chalita, Funaro aponta como beneficiários dos pagamentos os nomes de Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Romero Jucá, Reinaldo Azambuja, Delcídio do Amaral, Sérgio de Souza, entre outros.
Segundo o inquérito, que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o grupo praticou os crimes de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas.
Funaro está no presídio da Papuda, em Brasília. As informações são de um relatório da Polícia Federal. A PF investiga uma suposta quadrilha do PMDB na Câmara dos Deputados, envolvendo pessoas próximas a Temer.
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A Polícia Federal concluiu que em um momento das negociações para liberação de recursos de um fundo público de investimento, o empresário da Gol Henrique Constantino pediu uma prova de que os recursos destinados à campanha de Chalita seriam um pedido de Temer.
Funaro disse ter acionado o então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). Em poucos minutos, o próprio Temer teria ligado para Constantino para agradecer pela doação. O doleiro apresentou uma planilha em que constam R$ 1.55 milhão para a campanha de Chalita, em espécie.
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Funaro afirma ainda não ter um “relacionamento próximo com o presidente Michel Temer, visto que quem fazia a interface com ele eram [os ex-deputados] Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima”.
O relatório da PF é divulgado no momento em que se espera uma segunda denúncia contra o presidente por obstrução à Justiça ou organização criminosa, apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele deixará o cargo em 17 de setembro.
Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima estão presos. Cunha está em Curitiba por ordem do juiz Sérgio Moro desde 19 de outubro de 2016. Em março de 2017 foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e, em 18 de maio de 2017, teve novo mandado de prisão expedido pela Justiça.
Eduardo Alves foi preso preventivamente no dia 6 de junho de 2017 pela Polícia Federal na Operação Manus, que investigava corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima voltou a ser preso, na sexta-feira passada (8), em Salvador, três dias após a Polícia Federal encontrar mais de R$ 51 milhões, atribuídos a ele, em um apartamento. Ele já havia sido preso preventivamente no dia 3 de julho de 2017, na Operação Greenfield, que investiga desvio de fundos de pensão.
Por volta das 11h da manhã, Temer se manifestou sobre o inquérito. “Facínoras roubam do país a verdade” e “bandidos constroem versões” em busca de imunidade ou perdão de crimes, declarou, por meio de nota.
O comunicado oficial do Palácio do Planalto não cita diretamente o relatório da PF.
*Texto atualizado às 11h30.

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