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Militante desaparece em ocupação indígena na Argentina após ação policial

Santiago Maldonado (Foto: Anistia Internacional)


Santiago Maldonado, 28 anos, desapareceu no dia 1º de agosto depois de cem efetivos da Guarda Nacional entrarem na ocupação mapuche “Pu Lof en Resistencia”, em Chubut, província da Patagônia argentina.
Segundo testemunhas, os guardas dispararam balas de chumbo e de borracha e queimaram os pertences das famílias da comunidade para tentar desocupá-la. Maldonado estava ali desde o dia anterior, acompanhando a militância e foi visto pela última vez enquanto tentava escapar dos tiros.
Os mapuche, indígenas da região centro-sul do Chile e do sudoeste da Argentina, lutam pela recuperação de seu território ancestral e por políticas em prol dos direitos indígenas.
O terreno da Pu Lof en Resistencia é de propriedade do latifundiário Luciano Benetton, da empresa Benetton, e está ocupado por cinco famílias mapuche desde março de 2015. Estima-se que a companhia italiana tenha um milhão de hectares na Patagônia argentina.
A tensão entre a empresa e os indígenas nessa região também não é nova. Embora a Constituição argentina permita a reivindicação de terras dos povos originários, a Benetton se recusa a dar o direito, alegando que aquele grupo mapuche especificamente veio do Chile.
Artesão e tatuador, Maldonado não é mapuche, mas um apoiador da causa.

Foto: Telesur


“Eu gostaria que o governo se pronunciasse e apresentasse a sua versão sobre o que aconteceu com a Polícia. Já apresentamos recursos aos tribunais e solicitamos a busca. Quero que ele apareça, as primeiras horas são decisivas. Ele não desapareceu na rua do nada”, afirmou à imprensa Sergio Maldonado, irmão de Santiago.
No sábado (5), a organização de direitos humanos Centro de Estudos Jurídicos e Sociais (CELS) solicitou ao Comitê contra Desaparecimentos Forçados da Organização das Nações Unidas (ONU) “uma ação urgente para que o Estado argentino tome imediatamente todas as medidas necessárias para buscar e localizar Santiago Maldonado”.
A organização enfatizou que, apesar de o desaparecimento de Santiago Maldonado ter se tornado pública há vários dias, “até o momento o Ministério da Segurança e a Secretaria de Direitos Humanos não se pronunciaram sobre o caso, nem sobre as medidas que eventualmente tomaram para encontrá-lo”.
As denúncias foram tantas que a Anistia Internacional entrou na campanha para exigir que o governo de Maurício Macri explique o paradeiro de Maldonado.
“É fundamental que as autoridades avancem em investigações incansáveis e imparciais sobre os fatos, tornem públicos os resultados e que levem à Justiça os responsáveis por violações aos direitos humanos”, declarou Mariela Belski, diretora da Anistia Internacional.
São frequentes as ações tanto do Estado argentino quanto do chileno para reprimir protestos mapuche. O caso recente mais emblemático é de Facundo Jones Huala, liderança da ocupação das terras da Benetton na Patagônia, preso em 27 de junho de 2017. Para seus defensores, trata-se de uma perseguição política.
No Chile, a repressão aos mapuche é ainda mais intensa, pois o Estado aplica a lei antiterrorismo para condenar os militantes.

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