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Israel manda fechar escritório da Al Jazeera em Jerusalém e vai revogar a credencial de jornalistas

O governo de Israel anunciou que fechará os escritórios da Al Jazeera em Jerusalém, revogará a credenciais dos jornalistas e cortará os sinais. Assim, quem estiver no Estado de Israel não conseguirá acessar nem o site, nem o aplicativo da emissora.
O ministério das Comunicações acusa a emissora do Catar de apoiar terroristas e incitar a violência.
“Chegamos à conclusão que a segurança e a preservação de nossos cidadãos prevalecem sobre a liberdade de expressão. A liberdade de expressão não pode jamais ser a liberdade de incitação. A democracia também tem seus limites”, justificou o ministro das Comunicações, Ayub Kara, por meio de comunicado.
Uma das possíveis causas da insatisfação de Israel é que a Al Jazeera fez uma cobertura dos recentes conflitos entre palestinos e israelenses na Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo). Como a emissora catariana tem uma linha editorial de apoio à Palestina, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que a Al Jazeera está incitando a violência ao fazer uma cobertura crítica ao tratamento do governo israelense aos palestinos.
“Estamos para adotar algumas medidas para evidenciar a nossa luta contra o terrorismo e contra o Islã extremista, além de nosso apoio ao mundo árabe”, consta no texto de Kara.
Desde 5 de junho, o Catar é acusado por países árabes, liderados pela Arábia Saudita, de apoiar grupos terroristas.
A Al Jazeera critica as declarações e a atitude do governo, alegando ser uma emissora independente, e afirma que continuará fazendo reportagens nos territórios palestinos ocupados por Israel com objetividade e profissionalismo.
Em seu site, a emissora publicou o seguinte (tradução do Nocaute):
Àqueles que exigem o fechamento da Al Jazeera e a supressão do direito à verdade, nós também temos exigências.
Exigimos que jornalistas possam exercer seu trabalho livres de intimidações e ameaças. Exigimos que a diversidade de pensamento e opinião seja cultivada, não atacada.
Exigimos que o público tenha acesso a informação imparcial.
Exigimos que jornalistas não sejam tratados como criminosos.
Exigimos que aqueles sem voz sejam ouvidos.
Exigimos liberdade de imprensa.
Na Al Jazeera, acreditamos que qualquer defesa que se faça de fechar ou obstruir o acesso aos nossos canais não passa de uma tentativa de silenciar a liberdade de expressão e suprimir o direito da população à informação e a ser ouvida.
“Caça às bruxas”
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) criticou o governo de Israel por conta dessa medida, uma “caça às bruxas”.
“A decisão das autoridades israelenses de fechar os escritórios Al Jazeera em Jerusalém e retirar as credenciais dos seus jornalistas sob uma acusação geral de apoiar a violência é um ataque à liberdade de imprensa e à liberdade da informação”, declarou o presidente da IFJ, Philippe Leruth, em comunicado.
Segundo a IFJ, as autoridades israelenses podiam ter exercido o “direito a réplica” no caso de considerar que “alguma informação difundida pela Al Jazeera era errônea”.
“Ao decidir não fazer isto e, por outro lado, se somar à campanha internacional contra a Al Jazeera, [as autoridades israelenses] dão a impressão de que o que querem é silenciar uma voz que não os agrada, o que é contrário aos valores democráticos que representam”, acrescentou a Federação.
A IFJ destacou que o Sindicato de Jornalistas Palestino, filiado a eles, denunciou que a decisão de Israel é “uma grave violação da liberdade de expressão e do direito dos jornalistas a trabalhar”.
A Al Jazeera começou a operar em 1996, no Catar, com a finalidade de reportar acontecimentos dos países árabes. Dez anos depois, a emissora criou a Al Jazeera English, que oferece notícias em inglês, expandindo o alcance de seu conteúdo. Atualmente, mantém escritórios ou correspondentes em 130 países.

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