Brasil

Após reunião, PSDB ainda não sabe se sai ou se fica no governo Temer

Os líderes do PSDB convocaram uma reunião em São Paulo na noite segunda-feira (10/7), duas horas depois de conhecido o tom do relatório sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer, lido pelo deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Não houve consenso. É o que anunciou o senador e presidente em exercício do partido, Tasso Jereissati (CE). “O que eu estou observando é que o partido [PSDB] por si mesmo está desembarcando [do governo Temer], independente do controle ou da minha vontade”, disse à imprensa.
A reunião começou por volta das 19h30 na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes e terminou por volta das 23h30.
“Estamos acompanhando, hoje nós tivemos a notícia da CCJ, e notícias desencontradas, que parece que vai ser votado na quinta-feira, e nós vamos acompanhar de perto essa votação”, declarou Jereissati.
Leia mais:
Tucanos à beira de um ataque de nervos: dão ou descem?
Estavam presentes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o prefeito de São Paulo, João Doria; o senador José Serra (SP); o governador de Goiás, Marconi Perillo; o governador do Paraná, Beto Richa; o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; o senador e presidente em exercício do partido, Tasso Jereissati; o senador Aécio Neves (MG); o governador do Mato Grosso, Pedro Taques; o senador Cassio Cunha Lima (PB); senador Paulo Bauer (SC); deputado federal Ricardo Tripoli (SP); o deputado federal e secretário-geral do partido, Silvio Torres (SP); o senador José Aníbal (SP); e o secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo, Samuel Moreira.
O governador Geraldo Alckmin disse que a reunião não era para deliberar, porque não era uma reunião da executiva. “Acho que vai ficando claro na consciência de todos os líderes qual o melhor caminho para o futuro”. Questionado pela imprensa sobre qual seria este caminho, o governador se retirou do local sem responder.
Líder da bancada do PSDB na Câmara, o deputado Ricardo Tripoli, disse que a bancada já definiu na CCJ, por maioria, votar pela admissibilidade da denúncia contra Temer. “Foi uma solução da bancada, deve se votar 5 a 2. Eu disse que eles votariam de acordo com a consciência de cada um”, afirmou.
Leia também:
Fora Temer x Fica Temer: Tasso Jereissati e Aloysio Nunes vão se pegar de novo?
Tripoli disse que há maioria também para votação no plenário. “Na questão do plenário, nós vamos convidar a bancada, provavelmente amanhã ou depois em uma reunião, para definirmos a postura da bancada [em relação à admissibilidade]. Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade. Eu não sei quantificar ainda, porque nós não tivemos a reunião”, respondeu Trípoli.
Questionado se isso não indica já uma ruptura com o governo Temer, o deputado afirmou que esta é ainda uma questão processual na CCJ e não é uma questão de mérito. “Mérito é em plenário. Depois disso ainda vai para o Supremo [Tribunal Federal]. Ou seja, nós temos aí um caminho a percorrer pela frente”.
O PSDB compõe a segunda maior base de apoio de Temer no Congresso, depois do PMDB, e tem quatro ministérios no governo – Relações Exteriores (Aloysio Nunes), das Cidades (Bruno Araújo), da Secretaria de Governo (Antônio Imbassahy) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).
Aécio Neves e Aloysio Nunes estão entre os que defendem a permanência no governo. Já Jereissati quer a saída, mas sem fazer oposição a Temer.
Além dos ministérios, conta também para a decisão dos tucanos a importância que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e seu partido podem adquirir se ele se tornar chefe de governo até a posse do presidente eleito em 2018.
Reformas
Sobre a reforma trabalhista, Jereissati disse: “A reforma trabalhista nós vamos votar integralmente amanhã [hoje]. Está resolvida e encerrada essa questão”. Sobre a reforma da Previdência, ele não foi otimista. “No meio dessa crise, eu acho muito difícil votar uma reforma da Previdência no segundo semestre”.
O senador José Serra também acredita que a reforma da Previdência pode ser adiada por conta da crise política. “[O avanço da reforma da Previdência] tem dificuldade, porque ela tem que ser votada primeiro na Câmara. Já vinha andando devagar e agora com essa situação política, a tendência, a nosso ver, é que vá ser mais postergada ainda, porque não chegou sequer ao Senado. É diferente da reforma trabalhista, que deve ser votada amanhã [hoje]”, disse.

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *