Brasil

Lula: "Não podemos achar que um golpista é melhor que outro"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da posse da senadora Gleisi Hoffmann como presidente do Partido dos Trabalhadores na noite de quarta-feira (5/7), em Brasília, e fez um alerta a quem pede fora, Temer: “É importante lembrar que a razão pela qual nós queremos a saída do Temer não é a mesma razão pela qual a Globo quer a saída do Temer. Por isso é importante a gente ficar atento para saber o que está acontecendo. (…) Nós queremos eleições diretas”.
“Eu vejo muita gente entusiasmada porque diz que o Temer não dura uma semana. Porque a Comissão de Constituição de Justiça vai pedir o afastamento dele. Eu queria dizer para vocês que ninguém quer mais o afastamento do Temer do que nós, que estamos aqui neste plenário. Ninguém quer mais o afastamento do Temer do que os trabalhadores brasileiros”, afirmou, em discurso.
Leia mais:
Entenda os próximos passos da denúncia contra Temer 

Presidenta eleita Dilma Rousseff, Gleisi e Lula na cerimônia de posse (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)


Lula fez referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizendo que o deputado já se prepara para assumir a presidência – Maia seria o sucessor de Michel Temer no caso de um eventual afastamento.
Desde que a denúncia de corrupção feita pela Procuradoria-Geral da República chegou à Câmara, Rodrigo Maia manteve uma postura neutra.
Não formalizou seu apoio a Temer, nem disse que votará pela investigação do presidente. Apenas declarou que fará seu papel de chefe do Legislativo enquanto tramita a denúncia na Casa.
Leia também:
Temer é acusado de comprar votos para se livrar da denúncia na Câmara
“Nós não vamos dar trégua. Se a gente não conseguir aprovar uma emenda constitucional, se a gente conseguir tirar o Temer, queremos eleição direta para presidente. Se quiserem ganhar, que seja pelo voto”, disse Lula.
“Não podemos esquecer que golpista é golpista. A mudança que nós queremos é que o povo brasileiro volte a ter o direito de escolher sua presidenta ou presidente. Errando ou acertando, é o povo que tem o direito de colocar e de tirar as pessoas (…) A gente não pode fingir que o que a Globo quer é para o bem do Brasil”.
Em seguida, o ex-presidente apontou a Globo como responsável por disseminar o ódio e propagar mentiras contra o PT. “Neste momento eles estão tentando construir um adversário. Encontrar alguém para disputar a eleição conosco (…) Nós temos a obrigação de construir uma unidade entre os setores de esquerda para que a gente possa construir uma candidatura”.
Ele argumentou que o atual governo levou a economia brasileira ao “fundo do poço” e criticou as reformas trabalhista e previdenciária – “queremos que os trabalhadores continuem se organizando e fazendo as coisas, não queremos a reforma”.
Para Lula, com a reforma trabalhista, o governo está desmontando direitos constituídos desde 1943, com a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). “É muito grave a gente constatar que eles estão criando uma coisa nova, em que o direito será abolido. É uma relação quase leonina entre o trabalhador e o seu patrão”.
Lula mencionou o discurso que Gleisi fez na terça-feira (4/7) na tribuna do Senado, quando a senadora afirmou que Aécio está sendo vítima da intolerância e do ódio que ele mesmo e seu partido pregaram.
“Não sei se qualquer homem conseguiria desmontar o Aécio com a delicadeza que ela fez da tribuna do Senado”, disse. “Eu ouso dizer que você será uma grata e extraordinária surpresa para o nosso partido”.
Mil pessoas estiveram presentes na posse, entre elas a presidente eleita Dilma Rousseff, o ex-assessor Especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, o ex-presidente do PT Rui Falcão, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o presidente da fundação Mauicio Grabois, Renato Rabelo, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, entre militantes do partido e representantes de movimentos sociais.
 

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *