Temer praticou crime de corrupção, diz Janot em parecer ao STF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou não ter dúvidas de que o presidente Michel Temer cometeu “crime de corrupção”. Em parecer de 93 páginas enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (26/6), Janot escreveu: “Note-se que em vários momentos dos diálogos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua relação com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhes são feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud, não havendo ressaibo de dúvida da autoria de Temer no crime de corrupção”.

Janot recomenda que o ex-deputado e ex-assessor especial do Palácio do Planalto Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) continue preso pela Lava Jato. Argumenta que Rocha Loures e Temer atuaram conjuntamente para atender às demandas dos executivos do Grupo J&F em troca de propina.
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Na análise, Janot destaca que o ex-deputado representou os “interesses” do presidente “em todas as ocasiões que esteve com os dirigentes do conglomerado empresarial. “Rodrigo Loures representa os interesses de Michel Temer em todas as ocasiões em que esteve com representantes do Grupo J&F. Através dele, Temer operacionaliza o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores com a coisa pública”, consta no documento.
O procurador afirma ainda que as provas analisadas reforçam a versão de que o destinatário final da propina não era Rocha Loures, e sim Michel Temer. O presidente, segundo Janot, era tratado como “presidente” ou “chefe”.
Janot acredita ter sido Rocha Loures o responsável pelo encontro ocorrido em março de 2017 entre o empresário da JBS Joesley Batista com Temer, no Palácio do Jaburu, por volta das 22h30 – encontro em que foi gravada a conversa usada por Joesley no acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
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“Loures foi o responsável pelo agendamento da reunião entre Michel Temer e Joesley Batista. Reunião esta que teve como finalidade afiançar a Joesley que Loures seria o interlocutor de Temer em quaisquer assuntos ilícitos do interesse da J&F”, destacou Janot.
A expectativa é de que o procurador-geral da República apresente até esta terça-feira (27) ao STF uma denúncia contra Michel Temer. A eventual denúncia precisa ser aceita pela Câmara dos Deputados para que o presidente se torne réu.