Mundo

Macron presidente, um mal menor.

(Dos editores do Diario.Info, de Portugal)
 
Emmanuel Macron foi eleito Presidente da França. Segundo o Ministério do Interior francês, apurados mais de 99% dos votos, Macron obteve 66,06 % e Marine le Pen 33,94 %. A abstenção atingiu 25,4 % e registou-se um recorde de votos brancos e nulos.
 
Tem cabimento concluir que os eleitores se pronunciaram pelo mal menor, porque ambos são políticos reacionários, com programas incompatíveis com as aspirações do povo francês.
 
O ex-banqueiro Macron é um liberal, admirador da chanceler Merkel, defensor do federalismo europeu. Quando ministro do governo de François Hollande, hostilizou a classe operária. Era quase um desconhecido ao irromper no cenário político. Criou um partido, “En Marche”, e como candidato teve uma ascensão fulgurante, graças ao apoio do grande capital.
 
Nas vésperas da eleição, listas elaboradas pela Wikileaks foram divulgadas com centenas de nomes de banqueiros, governantes, políticos e jornalistas que contribuíram financeiramente para a sua campanha. Mas a comissão eleitoral recomendou a não publicação, alegando que a iniciativa era uma intervenção estrangeira nas eleições.
 
Três gigantes da banca, Soros, Rothschild e Goldman Sachs terão contribuído com mais de 5,5 milhões de euros.
 
Na lista de governantes constam os nomes de Merkel, Schauble, Obama, François Hollande, Justine Trudeau, Jean Claude Junker e Alexis Tsipras. Bernard Arnault, o empresário mais rico da França, contribuiu com uma choruda quantia. Entre as dezenas políticos e de jornalistas da lista divulgada figuram Matteo Renzi, Bernard Henry Levy , Cohn Bendit , Varoufakis, Robert Hue e François Bayrou .
 
Toda a breve carreira política de Macron nega a afirmação exaustivamente repetida durante a campanha eleitoral: «Nem de direita nem de esquerda». O seu programa é ostensivamente de direita.
 
A sua vitória no primeiro turno e a grande votação que obteve no segundo explicam-se pelo temor que Marine le Pen inspira à maioria dos franceses. O debate na TV entre ambos, acompanhado em todo o mundo por dezenas de milhões de pessoas, foi um espetáculo indecoroso. Segundo alguns jornais, aquilo, pela agressividade, assemelhou-se mais a um combate de box do que a um diálogo entre candidatos à Presidência.
 
Racista, ansiosa pela deportação de estrangeiros, Marine defendeu a saída de Schengen e do euro, e um controle rigoroso das fronteiras, mas as sugestões que apresentou para a luta contra o terrorismo foram ridicularizadas por disparatadas e inaplicáveis. Ela esforçou-se por imprimir ao seu discurso um tom patriótico que confundiu setores ingênuos do eleitorado.
 
A elevada percentagem de votos que obteve não significa que nas Legislativas de Junho a FN possa eleger uma bancada numerosa. O sistema eleitoral francês, de dois turnos, vai penalizá-la severamente. Marine le Pen continuará a ser a líder de um pequeno mas perigoso partido de vocação fascista.
 

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *