Brasil

Referendo já, para dar rumo às baratas tontas


 
Por Gabriel Priolli
 
Dizem que no fim do arco-iris tem um pote de ouro. Ninguém viu jamais esse pote, mas isso não impede que sigam procurando.
 
Mesmo quando o céu é de chumbo, carregado de nuvens negras, como este que fechou em maio de 2016 no Brasil e ainda não abriu de novo.
 
O pote de ouro da salvação nacional tem a forma de eleições presidenciais e nele depositam suas esperanças todos que querem derrotar o governo golpista e encerrar o seu ciclo de perversões na ordem econômica, política e social.
 
O pequeno problema é que o nosso pote de ouro está a dezoito meses de distância e a chuva segue muito grossa. Diariamente, algum direito de cidadania, alguma conquista social, algo de bom é levado na enxurrada.
 
Dentro de um ano e meio, pode não sobrar nada para preservar. A enxurrada terá levado os direitos, as conquistas, o ouro, o pote e qualquer esperança de um céu multicolorido.
 
As oposições não têm foco claro de luta. Todas querem que Temer saia, mas umas defendem a volta de Dilma, outras querem Lula mais uma vez, outras nem Dilma nem Lula, outras Diretas Já.
 
Há os que querem uma nova Constituinte e os que defendem a Constituição de 88. Há os que querem dialogar e os que preferem radicalizar.
 
O que ninguém lembra de pedir, não para 2018 mas para este ano, é o Referendo.
 
Mecanismo de exercício da soberania popular instituído no artigo 14 da Constituição, a ser autorizado pelo Congresso Nacional, conforme o artigo 49.
 
Se o Governo Temer julga estar tomando medidas amargas, mas necessárias, no interesse do povo brasileiro, por que não consulta a sua opinião?
 
Por que não submete a Referendo o fim do reajuste do salário mínimo acima da inflação? O congelamento dos gastos públicos com educação, saúde e assistência social por 20 anos? A terceirização selvagem no mercado de trabalho? A aposentadoria aos 65 anos, com 49 de contribuição?
 
Pode-se entender que  governo golpista não queira o Referendo, mas por que as oposições não lutam por ele?
 
Por que não utilizam esse instrumento para articular, centralizar e impulsionar o combate a esse triste regime de exceção, que impõe ao país um programa de reformas que não foi discutido previamente com o povo e aprovado nas urnas?
 
Referendo Já! Referendo ainda em 2017, para as medidas de Temer!
 
Se o governo recusar, indicará ao país que não reconhece a soberania popular. Se topar, vai suar sangue para legitimar o que impôs. Em qualquer caso, será um ótimo negócio para as oposições e pautará a rota para 2018.
 
No mínimo, dará alguma racionalidade à luta contra o golpe, que precisa urgentemente superar esta fase das baratas tontas.

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  1. Avatar

    E o “pote de diamante”, não vem mais ao caso? Quem é esse “governo” (sic) para reconhecer o que quer que seja, quanto mais a soberania popular, pois se ele se consuma exatamente a partir da supressão da soberania popular, do vilipêndio à Constituição e da suspensão da legalidade democrática? Me parece mais um embarque na agonizante viagem na maionese da rendição. Tentarei explicar, o “pote de diamante” é o restabelecimento da legalidade democrática e da vigência da soberania popular (que foi expressa e validada em 2014, com vigência até 2018, porém interrompida em 2016), portanto, o “pote de diamante” corresponde ao resgate da democracia que tínhamos, ou seja, à imediata anulação do Golpe (do impeachment fraudulento, inconstitucional e criminoso) pelo STF. O STF tem o dever legal de atuar como Corte Constitucional, de atuar como guardião da Constituição Federal de 1988 (existe um mandado de segurança em curso pela anulação do impeachment). Ou vamos nos esquecer do Golpe? Vamos nos conformar com a rendição? É isso? Então temos que nos conformar de jogar no campo do Golpe? O campo do golpe é o campo da desconfiança, da traição, da sabotagem, da usurpação, da dominação e da opressão. Então temos que tirar o foco do principal (anulação do impeachment) para tentar alçar mecanismos acessórios (referendo, eleições em 2018 etc)? Talvez, são alternativas. Mas e se houver referendo agora ou eleições em 2018, que garantias teremos de que a soberania popular não será novamente suprimida? E se um governante progressista for eleito em 2018, que confiabilidade e salvaguardas teremos de que ele será empossado e poderá governar livre de investidas e de atalhos anti-democráticos? Portanto, imagino que nenhuma luta será suficientemente potente e portadora de futuro se nos conformarmos em enfrentar os desafios do varejo em detrimento ao desafio do atacado (repito, anulação do impeachment). E tal enfrentamento (que já deveria ter sido feito pelas forças democráticas desde que os usurpadores sacaram a farsa do impeachment da cartola) deve ter como alvo inescapável, prioritário e emergencial o STF. Por mais que tenha se tornado uma instituição em pleno processo de degeneração e esculhambação escancarada (devido ao comportamento notório de alguns de seus membros), é preciso que a luta popular exija uma posição derradeira a respeito do mérito da farsa do impeachment. Precisamos vencer o estorvo, a zona tenebrosa de dissimulação e cobrar responsabilidade de quem mais a possui. Se o STF está em guerra tácita contra a soberania popular e a legalidade democrática, é preciso que então o faça de maneira expressa, histórica, insofismável, para o mundo inteiro ouvir e saber. Não devemos dar esta oportunidade aos nossos supremos magistrados e a nós mesmos antes de nos enveredarmos por outras aventuras?

  2. Avatar
    Maria Angelica Miranda says:

    Totalmente de acordo com “Franklin Jr 08/04/2017 – 14h14” , espero que o comentário seja autorizado pelo “Nocaute”.

  3. Avatar

    Quem planejou o assalto ao poder e derrubada dos direitos sociais , certamente levou em conta a tradição pacata do povo brasileiro . Quem não luta por seus direitos não é digno deles…..

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