Doações eleitorais de Michel Temer ajudam a traçar um perfil do presidente interino

Beneficiados e beneficiários: em sentido horário, Fátima Pelaes, Cunha e mais.

Beneficiados e beneficiários: em sentido horário, Fátima Pelaes, Cunha, Helder Barbalho e a mãe, Dárcisio Perondi, Edinho Araújo e Eliseu Padilha

Pelos direitos das crianças, dos jovens, das mulheres, de todos os brasileiros; por um Governo decente e, acima de tudo, por mais esperança para os brasileiros, voto “sim”. Darcísio Perondi, ao votar na Câmara pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff

Sr. Presidente, renovação; confiança; credibilidade; recuperação da esperança; ordem; harmonia; outro clima de investimentos; respeito às leis; respeito às instituições. Foi neste clima que o Brasil amanheceu hoje: céu azul, céu brilhante, temperatura agradável, bandeiras nos apartamentos e nos ônibus. Conversei com uma empregada doméstica, e ela me disse da alegria nos ônibus hoje de manhã que vieram do entorno do Brasília. Está renascendo um novo Brasil. E tenha a santa paciência o Deputado que me antecedeu! Michel Temer tem doutorado em Constituição. É professor, jurista. Foi Deputado por 16 anos, um homem inteiro, fala o português. Não confunda hombridade e legalidade com gente pequena! Viva o novo Brasil que está nascendo! Viva o novo Brasil que está nascendo! Darcísio Perondi, festejando o governo interino de Michel Temer na Câmara, em 11 de maio de 2016

Da Redação, com Garganta Profunda*

Assim como Eduardo Cunha, Michel Temer tem sua própria bancada na Câmara dos Deputados. É menor, certamente. Mas não menos dedicada a defender seu líder.

Dentre os admiradores mais ferrenhos do presidente interino está o deputado federal gaúcho Darcísio Perondi.

Em 2014, o então vice-presidente estourou o limite de doações eleitorais (10% da renda declarada no ano anterior) ao dar dinheiro diretamente a dois deputados, ambos gaúchos: Darcísio Perondi e Alceu Moreira.

Temer teve os direitos políticos cassados pelo TRE-SP e está recorrendo.

Como a Galeria dos Hipócritas revelou no último 26 de maio, um dos deputados, Alceu Moreira, está enrolado em denúncias de corrupção.

O apelido dele em sua região de origem é Tico Butico.

Quando Alceu Moreira era presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, foi flagrado em escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça numa operação da Polícia Federal que investigava um esquema de corrupção envolvendo obras públicas. O esquema começou com o desvio de dinheiro da merenda escolar em Canoas, no Rio Grande do Sul.

A certa altura, quando tratava da liberação de verbas para a conclusão de uma estrada de seu interesse, Alceu Moreira disse ao interlocutor Marco Antonio Camino, da Mac Engenharia, que tocava a obra: “Tem que chover na minha horta, neguinho”.

Alceu Moreira é apadrinhado de Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil do governo interino de Michel Temer.

Padilha também teve diálogos gravados pela PF quando conversava com o mesmo empreiteiro, na mesma operação.

O hoje ministro da Casa Civil de Temer aparentemente tratava de direcionar a licitação para a construção de uma barragem no Rio Grande do Sul.

A construção da barragem fazia parte de um pacote de combate à seca no Sul patrocinado por emendas do próprio Padilha.

No esquema, houve uma escandalosa mudança no edital de licitação para limitar o número de concorrentes.

Nas investigações, a PF descobriu pagamentos de R$ 367 mil de empreiteiras gaúchas a Padilha.

O então deputado federal se defendeu dizendo que parte do dinheiro era resultado da venda de uma propriedade a um empreiteiro e o restante fruto da prestação de consultoria.

Padilha só escapou de maiores problemas com a Justiça porque o STF considerou os grampos ilegais: como deputado federal, ele tinha direito a foro privilegiado e as gravações deveriam ter sido autorizadas pelo Supremo.

Não adiantou a PF argumentar que seu alvo era o empreiteiro Marco Antonio Camino e que o então deputado caiu no grampo por ser interlocutor dele.

Neste final de semana a revista Veja requentou as acusações contra Padilha acrescentando que o Ministério Público Federal pediu o bloqueio de bens e a devolução de R$ 300 mil pelo ministro de Temer num caso correlato.

A ação por improbidade administrativa diz respeito a uma funcionária fantasma:

A Polícia Federal concluiu que a funcionária fantasma, motivo da ação de improbidade, recebeu salário como servidora do gabinete de Padilha por quatro anos. A suspeita é de que o titular da Casa Civil teria contratado a dona de casa como pagamento de favores a um empresário. 

Padilha pede o arquivamento desta ação alegando que ela também está contaminada pelo vício de origem, as gravações não autorizadas pelo STF.

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