Leslie Salgado: a herança de Obama para a África

Mascarado por uma retórica humanitária, o afro-americano Barack Obama aumentou consideravelmente a presença militar dos Estados Unidos na África.


Já passou, claro, o choque inicial da vitória de Donald Trump nas eleições nos Estados Unidos. E ainda que da África também tenham saído algumas reações à eleição de Trump, não quero falar desse tema, do qual já se falou bastante.

Quero falar de algo que não se conhece muito. Que é o legado de Barack Obama, ou parte do legado de Barack Obama para o continente africano – o primeiro presidente afro-americano dos EUA, filho da África, filho de imigrantes? Nada disso. Quero falar do aumento da presença militar dos Estados Unidos na África nesse período.

Alguns analistas consideram, e já o estudaram o tema e o têm bem documentado, como aumentou a presença militar norte-americana aqui.

Sem dúvida, se você perguntar a alguém do Departamento de Defesa ele dirá que os Estados Unidos têm somente uma base na África, no Djibouti. É verdade, mas isso representa uma meia verdade, pois nos últimos tempos a presença militar aumentou.

No ano passado, o próprio chefe do AfriCom, o Comando Militar dos Estados Unidos para a África, falou que havia onze Cooperative Security Locations que é como eles chamam essa nova maneira de expandir-se militarmente.

São posições menores que uma base militar, com capacidade para duzentas pessoas, mas que também permitem, por exemplo, receber aviões como os Hércules C-130. Ou seja, não é tão pequena.

Sem dúvida há muito mais, que não foi dito pelo general. Uma reportagem publicada pelo site TomDispach.com assegura que os Estados Unidos têm por volta de 60 ou mais pontos militares, entre pontos de acesso e pontos avançados.

Isto faz parte, aparentemente, de uma nova premissa que é a criação de pequenas manchas, ou seja, pequenas instalações que permitam um rápido deslocamento no terreno. Diz essa reportagem que esses mais de 60 pontos permitem aos Estados Unidos acesso a 400 milhas em todo o continente, espalhados por pelo menos 34 países africanos.

Richard Reeve, um especialista do Oxford Research Group, assegura que Obama escondeu sob uma retórica humanitária todo esse desenvolvimento militar.

Assim, com a vitória de Trump o futuro não parece muito promissor. E ainda que alguns estejam preocupados com o Tratado Goa, o acordo comercial entre os Estados Unidos e a África Subsaariana, essa presença militar não devia preocupá-los menos? O futuro dirá.

 

Nenhum Comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do NOCAUTE. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie. Leia o nosso termo de uso.

Deixe uma resposta

Recomendadas