É preciso conhecer as armas dos nossos oponentes.

Em tempos de ascensão do neo-autoritarismo, nós precisamos mais do que nunca conhecer e estar conscientes das armas usadas pelos nossos oponentes, para assim a gente poder construir nosso contra-ataque. Por Aline Piva

 

Em uma semana repleta de notícias perturbadoras, é interessante notar como cada vez mais a doutrina do choque e espanto, ou doutrina do “shock and awe”, na sua versão original, tem sido cada vez mais utilizada como instrumento de política interna.

Essa doutrina, pensada inicialmente como tática de guerra, consiste no emprego de mostras grandíssimas de poder para paralisar o adversário e destruir sua vontade de lutar. Um dos objetivos é neutralizar esse oponente através do uso não só da força, mas também de mecanismos que desmoralizem e deixem essa resistência incapacitada. O outro é convencer os descontentes a aceitarem imposições que vão claramente contra os seus interesses, e isso é feito através do emprego de mecanismos como informações erradas, mentiras, negação seletiva de informação e disseminação de desinformação – tudo isso em larga escala.

A gente viu isso acontecer no Brasil antes, durante e depois do golpe. A gente viu isso acontecer no ataque de Beto Richa aos professores no Paraná ou no ataque de Alckmin aos estudantes em São Paulo. E agora essa tendência parece se instalar também em nível mundial.

A desproporcionalidade das medidas empregadas pode levar os menos avisados a pensar que esses políticos estão incorrendo em erros, porque logicamente medidas tão absurdas levariam a uma grande reação. Mas na verdade isso é um gesto muito bem calculado, e que traz resultados bastante efetivos.

Em tempos de ascensão do neo-autoritarismo, nós precisamos mais do que nunca conhecer e estar conscientes das armas usadas pelos nossos oponentes, para assim a gente poder construir nosso contra-ataque.

3 Comentários

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Leonardo Leão

02/02/2017 - 10h25

E essa “técnica” vem obtendo sucesso no Brasil: o próprio Presidente, principais ministros, parlamentares “fortíssimos” no Congresso e amigos íntimos seriamente envolvidos em corrupção da grossa, eivada de provas materiais produzidas ou facilmente obtidas com mínimo esforço; o cara que ocupa a cadeira de Ministro da Justiça mente em público; um helicóptero com 445 Kg de pasta base de cocaína, piloto funcionário da AL-MG e com combustível fornecido pela mesma AL-MG; um policial eletrocuta um pai com o filho no colo etc e não ocorreu ainda uma revolução popular?
Está, realmente, dando certo a tramóia desses pulhas.

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Terezinha tabosa

02/02/2017 - 08h45

Você foi muito clara nas suas colocações. Só precisamos ser mais objetiva nas ações. Sabemos que todas as nossas comunicações são monitoradas e aí? Colocamos uma frase no ar e a reação contrária aparece de imediato… Estamos desorganizados, talvez essa ainda seja nossa estratégia mas… Precisamos reavaliar nossa condução para resistir e sobreviver!

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Regina Elza Solitrenick

30/01/2017 - 18h51

Correto. Estamos presenciando e vivendo exatamente isso. O país está anestesiado. Os movimentos sociais minimamente organizados estão paralisados. Todos parecem abismados e letárgicos. Não há manifestações. Greve Geral? Não se fala mais.
A Globo se encarrega dá distribuição do “soma”
Precisamos de Nocaute para denunciar o Nocaute que o país parece ter sofrido

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